Resenha: “Summer 08”, Metronomy

/ Por: Cleber Facchi 04/07/2016

Artista: Metronomy
Gênero: Indie Pop, Alternative, Electronic
Acesse: http://www.metronomy.co.uk/

 

Com o lançamento de The English Riviera, em abril de 2011, Joseph Mount fez com que o Metronomy fosse capaz de alcançar a fase adulta. Depois de duas obras medianas – Pip Paine (Pay the £5000 You Owe) (2006) e Night Out (2008) –, os arranjos minimalistas de composições como The Look, Everything Goes My Way e The Bay não apenas transportaram os britânicos para um novo ambiente criativo, como serviram de inspiração para a sequência de faixas que seriam apresentadas em Love Letters (2014), obra que serviu para aproximar ainda mais o grupo inglês do grande público.

Em Summer 08 (2016, Because), quinto álbum de estúdio do quarteto de Totnes, uma curiosa sensação de recomeço. Ao mesmo tempo em que Mount e os parceiros de banda continuam a produzir o mesmo som dançante e essencialmente econômico dos dois últimos registros de inéditas, está no diálogo com a música dos anos 1980 – principalmente gêneros como o Hip-Hop e o R&B – a base para o delicado acervo de 10 faixas que abastecem o presente trabalho.

Ainda que a inaugural Back Together pareça indicar a nova direção assumida pela banda, brincando com as guitarras e vozes de forma a emular o trabalho de gigantes como Talking Heads, está na detalhista composição de Old Skool, terceira faixa do disco, a base para todo o restante da obra. Da bateria eletrônica que cresce ao fundo da canção, passando pelos sintetizadores e scrateches de Master Mike, ex-integrante do Beastie Boys, cada fragmento instrumental parece encaixado de forma a revelar o caráter nostálgico do disco.

Mais do que uma obra projetada para as pistas, Summer 08, diferente de seus antecessores, se revela como um trabalho marcado pela saudade e histórias alimentadas por relacionamentos fracassados. Logo na abertura do disco, uma divertida tentativa de reconciliação em Back Together (“Você e eu temos que voltar a ficar juntos”); em Hang Me Up to Dry, parceria com a sueca Robyn, um metafórico passeio pelas ruas e curvas de qualquer relacionamento (“A flor tremendo em minhas mãos agora / Tentando lhe dar algo mais do que os outros que vieram antes de mim”).

Sufocado por instantes de melancolia, Mount faz dos próprios tormentos pessoais a base para grande parte do trabalho. “E o que você disse naquele dia, eu levarei para a sepultura / Porém, mais uma vez eu estou na sepultura e você não vai se importar de qualquer maneira”, canta em Night Owl, composição que tanto incorpora a fórmula dançante dos dois últimos álbuns do Metronomy, como indica a temática entristecida que abastece parte expressiva do disco.

Marcado pelos detalhes e a leveza de composições como Mick Slow e  Hang Me Up to Dry, Summer 08 mais uma vez confirma a boa fase do grupo britânico desde a ascensão em The English Riviera. Ao mesmo tempo em que o quarteto brinda o ouvinte com uma sequência de faixas dançantes – caso de Old Skool, Back Together e My House –, pequenos respiros e canções acolhedoras mostram um outro aspecto da mesma obra, fazendo do álbum um novo e delicado capítulo dentro da discografia do Metronomy.

 

rp_dc2d3bf0f6765af726fb1590918a7d81.1000x1000x1.jpg

Summer 08 (2016, Because)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Hot Chip, Phoenix e Holy Ghost!
Ouça: Old Skool, Hang Me Up to Dry e Back Together

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.