Resenha: “SWU – Começa com você”

/ Por: Cleber Facchi 17/11/2011

Por: Pedro Ferreira


ESTRUTURA

Pra quem foi ao primeiro dia do SWU no ano passado, ir novamente ao dia de abertura do festival gerava certo temor. Explico: na cidade de Itu, muita coisa não saiu como o planejado no primeiro dia dos shows. As pessoas que colocaram seus carros nos estacionamentos contíguos ao local das apresentações enfrentaram nada menos do que de três a quatro horas de congestionamento – isso somente para se chegar à rodovia, onde houve mais trânsito.

A situação foi muito pior para o pessoal que estacionou no Kartódromo da cidade, que pagou três reais por uma baldeação de ônibus até a Chácara Maeda, e a quem foi prometido que o mesmo ônibus chegaria ali à meia noite. Balela: eram quatro horas da manhã, e nada de a esperada condução chegar. O frio levou os abandonados a fazer fogueiras. E o pior: além de não chegar o ônibus, não chegou nenhuma informação de como proceder. Muita gente rumou a pé até a estrada para tentar conseguir carona. Um descaso total.

Na promissora Paulínia, entretanto, tudo foi diferente. A desconfiança do primeiro dia logo se desfez. Estacionamento próximo do show para todo mundo, em local que não era afastado da cidade, nem distante das estradas que levavam aos municípios vizinhos. Uma pequena caminhada te levava direto às bilheterias. Dessa vez, não houve pilhas e mais pilhas de salgadinhos e bolachas jogados num canto, porque esse ano se pôde levar o que comer. O ambiente era gigantesco: quatro vezes maior do que o espaço do Rock In Rio. Bares enormes e praças de alimentação dilatadas, inclusive uma exclusiva para o público vegetariano – que ficou lotada o tempo todo, diga-se de passagem.

A área do New Stage era um descampado, chão de terra e pedriscos, com a grade bem próxima do palco, que não era muito alto. Os palcos principais, não mais lado a lado, dessa vez se postavam um de frente para o outro. Ao seu lado, havia uma arquibancada coberta, para quem quisesse descansar ou se abrigar da chuva. Os fãs se postavam em solo asfaltado. Estrutura nota dez.

EMICIDA

Abrindo os trabalhos dos palcos principais, o rapper Emicida veio confirmar sua ascensão meteórica, cujo reconhecimento já vem se dando em rede nacional há algum tempo. O público não era dos maiores, podendo-se facilmente alcançar a grade. O impetuoso sol castigava os fãs que ouviram poucas canções próprias do artista.

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Emicida escolheu o festival para fazer uma espécie de retrospectiva do rap nacional, passando pelos anos oitenta e noventa. Eu li algumas “críticas especializadas” dizendo que ele o fez por não ser suas músicas muito conhecidas do público, com a intenção de agradar o pessoal. Não precisa ser muito fã para saber que isso é uma enorme besteira: Emicida só cantou essas músicas para que o público que só conheceu e admirou o rap por conta dele entendesse que aquilo vinha de muito antes, que muita gente já batalhou e foi alvo de preconceito em nome do Hip Hop.

Assim, versos de Sabotage, Thaíde & Dj Hum, Sistema Negro, De Menos Crime, Xis e, é claro, Racionais MC’s foram entoados e, para minha surpresa, acompanhados por grande parte da platéia. Foi prestada ainda uma homenagem a Jovelina Pérola Negra, maior nome feminino do samba. Além disso, não poderia faltar uma demonstração de seu maior talento: a improvisação, que culminou num freestyle primoroso sobre o festival e suas atrações. Seu grande hit Triunfo fechou a apresentação.

MICHAEL FRANTI & SPEARHEAD

O sol forte ainda açoitava a mente quando Michael Franti aportou no palco oposto. Mais uma vez, não era exatamente uma multidão que se formava à frente da grade, mas se aquilo não ganhava em número, ganhava em animação: Franti conseguiu levantar cada um dos presentes com sua enigmática mistura de Hip Hop, Reggae e música eletrônica.

Franti compensou a sua pouca fama com muita simpatia e animação. Pra quem conhece sua discografia, sabe que ali há várias músicas calminhas. Essas, no entanto, ficaram de fora de seu setlist, apostando o músico em músicas agitadas e alegres. O tiro foi certeiro: agradou a todos ali. Para completar, arriscava várias palavras no vernáculo.

O seu único grande hit, Say Hey (I Love You), foi a penúltima música do repertório. Para abrilhantar a performance, sua equipe lançou na plateia cerca de dez bolas enormes, tipo aquelas que o Kiko jogava com o Chaves, e mais uma dezenas de bolas menores, trazendo um bonito congraçamento. Por fim, um cover de Could You Be Loved, muito bem executado, fez os reggaeros que aguardavam o SOJA balançar os dreads.

MIRANDA KASSIN & ANDRÉ FRATESCHI

Que o SOJA era a atração mais aguardada dos inúmeros reggaeros que por ali rodavam, isso é inquestionável. No entanto, esse blog tem um quê de alternatividade e, por isso, fez-se necessário dar uma conferida no palco alternativo, o New Stage.

A novidade desse ano prometia apresentações memoráveis e muito interessantes. Abriram o dia a Banda Cruz, que ganhou o concurso Update or Die, e o Copacabana Club, conhecidinha por nossas terras – Just Do It. Após, o casal Miranda Kassin e André Frateschi subiram e executaram parte de sua vasta gama de covers.

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Tendo o setlist como base o seu Hits do Underground, disco de 2010 que traz versões charmosas de canções alternativas da música brasileira que não constam do mainstream, o casal, de visual bastante peculiar, conseguiu convencer. Os dois cantam muito bem, e a performance agitada revela traços de quem edificou sua carreira nos palcos do teatro.

Além de covers de artistas como Curumin e Rubinho Jacobina, que constam de seus discos, a dupla ainda tocou hits como Valerie, da Amy Winehouse – desde antes de a musa falecer, Miranda já possuía um espetáculo em que fazia covers de suas canções – Under Pressure, do Queen, e uma improvável Toxic, da Britney. Show singelo, mas bem interessante.

MATT & KIM

A seguir, no mesmo palco, outra dupla formada por um representante de cada sexo, mas que dessa vez não formavam um casal. Matt & Kim deram cabo da apresentação mais simpática do dia. Com seus hits fofinhos, intercalavam as canções com constantes interações com o público.

Percebia-se, ali, a presença de muitos hipsters, daqueles mais estereotipados, que ansiavam pelo synthpop dançante do duo. Eles, certamente, não se decepcionaram. Kim subia a todo o momento no bumbo de sua bateria, batendo as baquetas no ritmo do teclado de Matt.

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Além disso, eles abriam suas latas de Heineken e ofereciam brindes ao Brasil, declaravam estar amando aquele público e, de quebra, promoveram a integração mais inusitada e engraçada do dia: Kim pediu que o público segurasse suas pernas para, enquanto rolava uma batida sensual e dançante, rebolar freneticamente. Impagável. Daylight fechou a série e consolidou o caso de amor da dupla com o público brasileiro.

OFWGKTA

Desfeita a apresentação da dupla de Indie Pop, o tipo de público muda completamente. Quer dizer, mais ou menos: a atuação do OFWGKTA – Odd Future Wolf Gang Kill Them All – ou, mais precisamente, de seu líder, Tyler the Creator, tem chamado a atenção, no mundo todo, de um público totalmente diferente do que habitualmente prestigia os rappers.

No Brasil, não foi diferente. À frente do New Stage, não só os manos Sílvio Ermani amontoavam: era bastante comum ver gente que parecia nunca ter ouvido rap na vida, mas que acompanhou as rimas do grupo quase que incessantemente. Alguns pareciam ter decorado dias antes, só para parecer inteirado, mas outros se revelavam fãs de verdade.

A trupe não veio completa: apenas Tyler the Creator, Left Brain, Hodgy Beats, Mike G e Domo Genesis deram as caras, o que me frustrou bastante, pois minha maior expectativa era ver como se comportava Frank Ocean, cujo trabalho sério me surpreendeu, no meio de tão despreocupados e arruaceiros jovens. Isso sem falar que, sem ele, obviamente a execução de She estava prejudicada. Uma pena.

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Assim, somente a ala irresponsável apareceu, e o que se viu atendeu ao hype gerado em cima da apresentação: músicas agressivas, violentas, com uma das apresentações mais enérgicas do festival. Eles fazem uma verdadeira zona no palco: pulam o tempo todo, se contorcem, gritam, tiram o boné, põem o boné, se jogam no chão. Tudo isso se iniciando com um sinal da cruz feito por Tyler – ironicamente. É tenso. E, por isso mesmo, acaba soando forçado.

O que foi visto foi uma apresentação desrespeitosa. Não é muito agradável pensar que Tyler já é estrelinha o bastante para provar a água, fazer cara de nojo, cuspir, e pedir para que retirassem todas as garrafas do palco. Sabe, é só água. Nem gosto tem. E o “forçado” ganha mais destaque quando se percebe que eles tentaram, inclusive, vomitar no palco, mas não conseguiram. Além disso, muitas das músicas nas quais os versos são feitos de maneira calma, eram gritados de maneira quase que ininteligível no show. Ser diferente não é ser desagradável, mas em alguns momentos eles ultrapassaram essa linha tênue.

No entanto, Left Brain desceu duas ou três vezes para perto do público, e Tyler, ao final, tocou nas mãos de cada um que estava postado na grade. Um pouco de simpatia para compensar o resto. Apresentação controvertida, mas intensa. Sinceramente, ainda não tenho opinião formada: foi algo isolado? Ou eles realmente querem se promover em meio à babaquice? Fica a dúvida. Acho que eles têm muito mais potencial para se promover em meio ao talento do que via polêmicas.

DAMIAN MARLEY

Saindo do meio underground e voltando às atrações principais, peguei um já começado show de Damian “Jr. Gong” Marley, mas não foi preciso muito tempo para entrar nas vibrações propagadas pelo cantor.

O Reggae Roots do jamaicano é bastante envolvente, é o tipo de música que você não precisa conhecer para apreciar o show. Apesar de ter se usado de várias canções de seu pai, sua apresentação de autoridade confirmou que ele não vive só de seu sobrenome: tem muito talento correndo em suas veias, e a linhagem de seu pai certamente não foi interrompida.

Seus longos – e bota longos nisso – dreads pararam de balançar após uma sequência fulminante: Get Up Stand Up, de seu progenitor, seguida de Move!, um de seus maiores sucessos. Em seguida, o megasucesso Is This Love, e depois os dois maiores hits de sua carreira solo: Road to Zion e Welcome to Jamrock. Para finalizar, mais uma de papai: Could You Be Loved encerrou a apresentação, que reggaero nenhum botou defeito. Foi o ponto revitalizante da noite.

SNOOP DOGG

Se Damian tem a maconha como parte de uma religião, e é dela usuário por paz e tranqüilidade, havia um cara no palco à frente que fumava tanto quanto ele, mas por propósitos distintos. Snoop Dogg só quer tirar onda e ostentar sua grana, gastando-a em roupas e acessórios espalhafatosos – o microfone e os óculos que usou na apresentação são bons exemplos disso – e, claro, em erva.

Pela primeira vez na noite se via uma notável multidão à frente do palco. Até porque Snoop é um rapper que atingiu o mainstream há muito tempo. O headliner do festival, naquela noite, era uma banda que nada tem de underground, nada tem de conceitual. Sendo assim, muitos que gostam do Black Eyed Peas, gostam também do Snoop Dogg. Além disso, que é fã de Hip Hop não consegue não gostar de, no mínimo, Drop Like It’s Hot. Ou seja: uma faca de dois gumes. Agradou aos dois tipos de público ali presentes.

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Além dessa faixa, que foi o ponto alto da apresentação, todos os seus sucessos foram executados: Sensual SeductionGin n’ JuiceBeautifulI Wanna Rock e Who Am I (what’s ma mothafucking name? Snoop Doggyy Dooooogg!). O cantor optou por fazer alguns covers também, de músicas das quais participava como P.I.M.P., do 50 Cent, I Wanna Fuck You, do Akon, e The Next Episode, do Dr. Dre, que fechou o show.

Ao fim dessa canção, Snoop promoveu o momento mais hilário do festival. Seu DJ botou para tocar, bem alto, uma música do saudoso Só Pra Contrariar (a minha fantasiaaaa, era te ter um diiiiaaa), e ele começou a “sambar” daquele seu jeito desengonçado. A cada verso cantado pelos irmãos Pires ele mandava um SING pra galera, mandava bater palma, e continuava exibindo seu sacolejante molejo. Impossível não rir. Impossível não gostar do cara.

Foi um show composto de canções baratas, vazias, sem nenhum cunho ideológico, sem nenhum ar de crítica. Mas, ainda assim, bastante agradável. Apesar de ser descaradamente irresponsável, o artista conquistou todo mundo. Talvez o único show unânime da noite.

KANYE WEST

Existe uma máxima do mundo moderno, consagrada na Internet, que rola de tumblr e tumblr rede a fora, que diz basicamente que a gente sempre acha que o nosso gosto musical é melhor do que o dos outros – If my music had a fight with your music, mine would win. Sempre tive um pé atrás com essa frase, porque soa bastante pretensiosa e arrogante, mas, no primeiro verdadeiro espetáculo da noite, tive certeza de que ela é real. Pelo menos no meu caso.

A confirmação de Kanye West no SWU gerou grande expectativa. Ele é o grande nome da música internacional no momento. Seus dois últimos trabalhos (My Beautiful Dark Twisted Fantasy e Watch the Throne, este com Jay-Z) talharam de vez o seu nome entre os grandes da música. Como não esperar um show primoroso? Foi exatamente o que ocorreu. Para alguns. Para significativa parcela do público ali presente, uma grande chatice.

Para o início do espetáculo, um lindo painel, que imitava esculturas, mostrava, por meio de luzes eletrônicas, que o primeiro ato daquela verdadeira ópera se iniciava. Kanye surpreendeu: surgiu do meio da galera, cantando Dark Fantasy, e por uma plataforma seguiu até o centro do palco. West, ao longo de sua carreira, conquistou para si uma fama de pedante, metido. Não foi o que se viu em terras brasileiras: sempre sorrindo, sempre simpático, levantou o público, que já não era muito volumoso desde o início. Ouso dizer que Snoop Dogg acumulou quase o dobro de expectadores em frente ao seu palco.

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Um corpo de balé cercava o artista, e fazia belas e emocionantes coreografias. Ao fim de cada ato, apenas uma bailarina subsistia no palco, fazendo danças dramáticas. Canhões de luz acompanhavam as batidas o tempo todo, e cascatas de fogo davam o tom de grandeza à apresentação. Lindo, de verdade.

Um ponto alto do show foi o início do segundo ato, com a canção Say You Will, que nem é das mais famosas de seu vasto repertório. Com uma batida calma, Kanye cantava a sua letra como uma música bonitinha, mas a versão do show continha tanto pussy que contrastava com a calmaria da canção. Paradoxal e, por isso mesmo, ótima faixa.

Depois de tocar várias canções de seu último álbum solo, Kanye passou a executar alguns sucessos de sua carreira, como HomecomingGood Life e a excelente Heartless, que foi a primeira a arrancar cantorias mais empolgadas do público. Depois disso, Kanye bradou: “já toquei alguns hits, mas os verdadeiros mothafucking hits virão agora. Vocês estão prontos, Brasil?” Aparentemente, o Brasil estava pronto. All Falls Down e Gold Digger levantaram o público de vez. Em seguida, All of the Lights encerrou aquele ato de maneira triunfal, tendo, inclusive, uma grata surpresa: Fergie apareceu no palco para cantar a parte que lhe coube na gravação.

Pensei eu que, finalmente, Kanye estava recebendo do público a atenção que merecia. O início do ato seguinte foi algo por demais emocionante: a clássica canção do filme Carruagens de Fogo ressoava no Parque Brasil 500, enquanto o competentíssimo corpo de balé executava coreografias excelentes em volta do artista, quando aos poucos um enorme pano branco os envolvia. Cobrindo-os por completo por alguns segundos, quando desceu víamos tanto Kanye quanto as bailarinas com o exato figurino do clipe de Runaway, e West começava a executar a introdução no piano. Arrepiante. Melhor momento do dia.

Ao final da canção, no entanto, West usou a batida que ainda rolava para pedir um favor ao Brasil: dizia ele que a única coisa que nos pedia era que, se amássemos alguém, que os abraçássemos fortemente naquele momento. E com essa premissa, cantou o verso If you love someone tonight, hold them real tight por várias vezes, no ritmo da bela canção. O momento foi muito bonito, de verdade, mas o prolongamento dos versos não foi compreendido por todos. Muitos deixaram o show e foram se postar de frente ao palco oposto, onde uma multidão muito maior já se alinhava à espera do Black Eyed Peas.

Pior: esse mesmo “seleto” público começou a soltar sonoras vaias. Uma falta de respeito, e uma demonstração notória de ignorância. Finda a canção, Kanye mandou a belíssima Lost in the World e, por fim, Hey Mama, quando já era a coisa mais fácil do mundo alcançar a grade. Uma pena: ele foi simpático, e fez um espetáculo fenomenal, sem nenhum defeito para ser botado. Mas o feedback foi muito aquém do que ele merecia. O público do Black Eyed Peas não conseguiu digerir a proposta de Kanye, um dos grandes. Lamentável.

THE BLACK EYED PEAS

O show mais concorrido da noite acumulava um público que mais parecia aguardar uma micareta. E o propósito do que se viu ali não era muito diferente disso, tendo como diferença fundamental apenas o fator eletrônico das músicas. Canções de vendagem fácil, de prerrogativa barata e de fácil assimilação. Sem querer menosprezar, mas é que o trabalho de Kanye West tem muito mais significado e importância para o mundo da música em si do que a de Fergie e companhia.

A animação dos integrantes do grupo, entretanto, é algo de se admirar. O público, que já estava totalmente na pegada dos artistas, agitou o tempo todo e correspondeu ao clima por eles lançado.

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Todos os sucessos radiofônicos foram executados, ainda que parcialmente: Shut UpMy HumpsPump ItImma Be,Don’t Phunk with my Heart, dentre outros, mantinham o calor do evento, que já era alvo de frias rajadas de vento. Em dado momento, Will.i.Am ficou sozinho no palco, apenas com seu notebook, e atuando como simples DJ lançou canções das mais variadas, desde OMG, do Usher, até Rap das Armas, de Cidinho e Doca. Tocou, ainda, Jorge Ben, declarando todo o seu amor por nossa terra, confirmando sua participação no carnaval do ano que vem, em Salvador.

No entanto, houve algo bastante relevante, cuja importância, ainda que negligenciada pela maioria, se dissipava por entre os megahits: uma declaração de Will.i.Am me fez admirá-lo. Ele agradeceu a todos os seus fãs, àqueles que compras seus discos, àqueles que frequentam seus shows, e também àqueles que BAIXAM e COMPARTILHAM suas músicas, pois sem eles, nada seriam. É muito bacana ver que um artista dessa magnitude, no quesito vendagem, consegue enxergar que a Internet é algo irreversível, e que o compartilhamento de músicas é algo benéfico. Que se danem os direitos autorais. Eles devem ser observados na questão do plágio, mas na questão de downloads perdem seu foco. Acredito que esses são pequenos passos dados em direção a essa consciência, e que uma hora os ativistas anti-compartilhamento irão se dar conta disso. Quem sabe um dia.

Finalizando o dia, o hino do público – I Gotta Feeling – foi executado de maneira prolongada – mas ninguém vaiou agora, estranho né? – tendo os integrantes feito uma música incidental cujos versos eram apenas as palavras “Muito Obrigado”, intercalando agradecimentos diversos por cerca de dez minutos. Encerrou-se o espetáculo, ficando no ar a sensação de que quem foi só para ver o grupo, uma parcela grande dos presentes, diga-se de passagem, não saiu decepcionado.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.