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Críticas

Death Cab For Cutie

: "Thank You For Today"

Ano: 2018

Selo: Atlantic

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: The Decemberists e The Shins

Ouça: Gold Rush e Autumn Love

7.0
7.0

Resenha: “Thank You For Today”, Death Cab For Cutie

Ano: 2018

Selo: Atlantic

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: The Decemberists e The Shins

Ouça: Gold Rush e Autumn Love

/ Por: Cleber Facchi 28/08/2018

Mesmo centrado nos sentimentos e confissões românticas de Ben Gibbard, desde o início da carreira, o guitarrista Chris Walla sempre foi encarado como uma peça importante para o amadurecimento artístico do Death Cab For Cutie. Produtor responsável pela maioria dos trabalhos da banda, o músico decidiu deixar o grupo ainda durante as gravações do álbum Kintsugi (2015), tornando incerto o futuro do grupo que, desde o debute Something About Airplanes (1998), contou com sua forte interferência.

Primeiro álbum de inéditas da banda sem a presença de Walla e, agora sob nova formação, Thank You For Today (2018, Atlantic) mostra o esforço de Gibbard, Nick Harmer Jason McGerr e, seus novos parceiros, os músicos Dave Depper e Zac Rae, em se reinventar dentro de estúdio. São dez composições inéditas em que o grupo de Bellingham, Washington, preserva a essência dos antigos trabalhos, porém, se permitindo testar novas possibilidades.

Síntese dessa transformação ecoa com naturalidade no primeiro single do disco, Gold Rush. Guiada pelos sentimentos de Gibbard, a canção desperta a curiosidade do público pela forma como o músico decidiu samplear a experimental Mind Train, canção originalmente lançada por Yoko Ono no álbum Fly, de 1971, porém, aqui trabalhada como base do material. Um ato de sutil renovação artística, mudança que lembra a boa fase da banda no também curioso Narrow Stairs (2008).

O mesmo desejo de mudança se reflete logo na inaugural I Dreamt We Spoke Again. Enquanto sufoca pelo peso da saudade, vozes carregadas de efeito, guitarras cíclicas e uma bateria que flerta com o uso de temas eletrônicos ampliam os limites da obra, conceito também reforçado em Summer Years, música que lembra o trabalho de Gibbard no projeto The Postal Service, porém, dentro de uma atmosfera sombria, particular. Canções de essência minimalista, mas que ganham força à medida que o ouvinte avança pelo interior do disco.

Interessante perceber em músicas como When We Drive e Autumn Love, quinta e sexta faixa do álbum, respectivamente, um dos instantes de maior beleza e, ao mesmo tempo, fuga desse explícito anunciado senso de renovação. Trata-se de um claro regresso ao mesmo rock melódico que vem sendo aprimorado pela banda desde o disco We Have the Facts and We’re Voting Yes (2000). Um misto de passado e presente que deve agradar aos fãs mais saudosistas.

Completo pela presença da cantora Lauren Mayberry (CHVRCHES), parceira de Gibbard na pegajosa Northern Lights, além, claro, do produtor Rich Costey (Interpol, Franz Ferdinand), colaborador do grupo desde o álbum anterior, Thank You for Today mostra um DCFC seguro, como se a banda norte-americana soubesse exatamente como dialogar com novos e, principalmente, velhos seguidores. Uma obra claramente guiada pela nostalgia dos temas e arranjos, porém, ainda atual, efeito da universalidade dos temas românticos ressaltados até o último instante do álbum.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.