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Críticas

Future Islands

: "The Far Field"

Ano: 2017

Selo: 4AD

Gênero: Synthpop, Indie Pop

Para quem gosta de: Chairlift, Twin Shadow

Ouça: Ran, Cave e Black Star

8.0
8.0

Resenha: “The Far Field”, Future Islands

Ano: 2017

Selo: 4AD

Gênero: Synthpop, Indie Pop

Para quem gosta de: Chairlift, Twin Shadow

Ouça: Ran, Cave e Black Star

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2017

 

Depois de oito anos e obras em processo de maturação, caso de In Evening Air (2010) e On the Water (2011), os holofotes acabaram apontando para os integrantes do Future Islands. Encabeçado pela pegajosa Seasons (Waiting on You), Singles, quarto álbum de estúdio do coletivo de Baltimore, Maryland, fez com que Samuel Herring e os parceiros de grupo, Gerrit Welmers e William Cashion, fossem apresentados ao grande público, assumindo uma posição de merecido destaque em diferentes festivais e listas de melhores do ano ao final de 2014.

Quinto álbum de estúdio da banda norte-americana, The Far Field (2017, 4AD) segue exatamente de onde o Future Islands parou há pouco menos de três anos. Sem necessariamente parecer nostálgico ou referencial em excesso, o álbum de 12 faixas encontra no delicado uso de sintetizadores o ponto de partida para um novo catálogo de ideias e faixas levemente dançantes. Músicas que transformam os principais tormentos vividos por Herring em um estímulo necessário para a composição de grande parte dos versos.

É um desejo desesperado de morrer? / Ou um desejo de morrer? / O medo que me mantém indo, e indo, e indo / É o mesmo medo que me deixa de joelhos … Eu não acredito mais / Eu não vou mais sofrer“, desaba em um misto de angústia e libertação, base da intensa Cave. Uma explosão de sentimentos e confissões melancólicas que surge logo na inaugural Aladdin — “Nosso amor era real / É para esperar / É para sonhar / É para curar” —, e segue até a faixa de encerramento do disco, Black Rose — “Me mantenha por perto, eu nunca vou chorar“.

Mesmo distante de uma possível narrativa, difícil ignorar a forte relação de proximidade entre as composições. “E eu não posso suportar, eu não posso carregar esse mundo sem / Esse mundo sem você“, canta em Ran, música que utiliza da metáfora de uma estrada como passagem para os relacionamentos Herring. Em Beauty of The Road, uma espécie de complemento à canção, com o vocalista da banda mais uma vez destilando os próprios sentimentos — “Você está aqui em meus braços novamente / E eu não sei por quanto tempo / Então eu não vou perder um pouco“.

Intenso, The Far Field faz de cada composição um precioso fragmento emocional de Herring. Histórias sobre abandono, reconciliação, declarações de amor, delírios e sussurros românticos. Um cuidado que ultrapassa o limite dos versos e cresce no detalhamento quase cênico dos arranjos, como pequenos respiros e instantes de maior crescimento que reforçam a dramaticidade de cada faixa. O mesmo cuidado evidente em Seasons (Waiting on You), porém, dissolvido em todos os espaços do trabalho.

Produzido em parceria com John Congleton (Angel Olsen, St. Vincent), The Far Field ainda se abre para a rápida passagem de Debbie Harry (Blondie), colaboradora da banda na agridoce Shadows. Surgem ainda referências ao poeta norte-americano Theodore Roethke (1908 – 1963), responsável pelo fragmento que dá título ao trabalho. Para a capa do disco, uma nova parceria com a ilustradora Kymia Nawabi, parceira de longa data e também responsável pela imagem que estampa o álbum de 2010, In Evening Air.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.