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Ano: 2017

Selo: Western Vinyl

Gênero: Experimental, Eletrônica, Ambient

Para quem gosta de: Fever Ray e Julianna Barwick

Ouça: To Feel Your Best e An Intention

8.0
8.0

Resenha: “The Kid”, Kaitlyn Aurelia Smith

Ano: 2017

Selo: Western Vinyl

Gênero: Experimental, Eletrônica, Ambient

Para quem gosta de: Fever Ray e Julianna Barwick

Ouça: To Feel Your Best e An Intention

/ Por: Cleber Facchi 10/10/2017

Mesmo responsável por um vasto acervo de obras produzidas desde o início da presente década, foi com o lançamento do experimental Ears e o sucessor Sunergy, parceria com a veterana Suzanne Ciani, que Kaitlyn Aurelia Smith ganhou maior notoriedade, sendo apresentada a uma nova parcela do público. Trabalhos dotados de som mágico, doce, como um delicado passeio pelo espaço, sonoridade que volta a se repetir em The Kid (2017, Western Vinyl), novo álbum de inéditas da produtora norte-americana.

Curioso, como tudo aquilo que Smith vem produzindo desde o início da carreira, o registro de essência atmosférica brinca com os instantes, costurando ambientações minimalistas, sintetizadores etéreos e diálogos instrumentais com a década de 1970 de forma sempre aprazível. Do momento em que tem início, no som tropical de I Am a Thought, até alcançar a derradeira To Feel Your Best, o registro de 13 faixas parece feito para que o ouvinte se perca dentro dele.

A principal diferença em relação aos últimos trabalhos da produtora está no uso da voz como elemento complementar. São versos carregados de efeitos e pequenas doses de distorção, lembrando em alguns aspectos a obra do The Knife/Fever Ray. Uma propositada mudança de postura que teve início durante o lançamento do single Riparian, ainda no último ano, mas que acaba se revelando com maior naturalidade no material produzido para o presente disco.

Um bom exemplo disso está na ambientação climática de An Intention, música que chega até o ouvinte em pequenas doses, detalhando parte da atmosfera explorada por Smith durante a produção do álbum Euclid, de 2015. Em composições como In the World, but Not of the World e I Am Learning, o mesmo conceito, porém, completo pela lenta inserção de elementos percussivos, sintetizadores instáveis e arranjos que sutilmente rompem com qualquer traço de morosidade.

Ao mesmo tempo em que prova de novas possibilidades, curioso perceber em The Kid uma continuação do material apresentado Ears. Prova disso está na psicodelia de Who I Am & Why I Am Where I Am, música que brinca com a lenta sobreposição dos arranjos, resultando em uma faixa orquestrada de forma crescente, hipnótica. O mesmo cuidado se reflete na faixa de encerramento do disco, To Feel Your Best, música que nasce como uma desconstrução etérea do som explorado pelo Animal Collective em Merriweather Post Pavilion (2009).

Princípio de um novo capítulo dentro da discografia de Smith, The Kid amplia musicalmente o território que vem sendo explorado pela produtora estadunidense desde o esboço conceitual que marca a estreia com Cows Will Eat the Weeds (2012). Em um intervalo de pouco mais de 50 minutos de duração, batidas e vozes se conectam a sintetizadores cósmicos, ruídos e captações atmosféricas, fazendo do álbum um experimento em constante mutação.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.