Image
Críticas

Chloe X Halle

: "The Kids Are Alright"

Ano: 2018

Selo: Parkwood Entertainment.

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Beyoncé, SZA e Ibeyi

Ouça: The Kids Are Alright e Warrior

8.0
8.0

Resenha: “The Kids Are Alright”, Chloe x Halle

Ano: 2018

Selo: Parkwood Entertainment.

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Beyoncé, SZA e Ibeyi

Ouça: The Kids Are Alright e Warrior

/ Por: Cleber Facchi 29/03/2018

Arranjos econômicos e instantes de profunda leveza. Em The Two of Us (2017), mixtape escolhida para apresentar o trabalho da dupla Chloe e Halle Bailey, cada fragmento do disco parece pensado para capturar a atenção do ouvinte. Um colorido desvendar de ideias, diferentes gêneros e experiências que soam como uma criativa desconstrução do material que vem sendo produzido por Beyoncé nos últimos anos, principalmente, no elogiado Lemonade (2016), obra que também contou com a participação da dupla de Atlanta.

Satisfatório perceber nas canções de The Kids Are Alright (2018, Parkwood Entertainment.), primeiro registro de estúdio das irmãs Bailey, o mesmo cuidado evidente no álbum entregue há poucos meses. Entre vinhetas, respiros criativos e músicas encorpadas por novas possibilidades e ritmos, cada elemento do disco parece pensado como suporte para a faixa seguinte, conduzindo o ouvinte em meio a um universo de pequenas sutilezas e frações poéticas/instrumentais.

Perfeita representação desse conceito se reflete logo nos primeiros minutos do disco. Difícil não se deixar conduzir pela costura minuciosa que tem início na introdutória Hello Friends, passa pela faixa-titulo do trabalho, já conhecida do público, e cresce substancialmente no lento desvendar de ideias detalhadas em Grown (From Grown-ish). Um explícito refinamento harmônico, como se cada elemento do álbum fosse planejado atentamente pelas irmãs Bailey em parceria com um time seleto de produtores.

Mesmo a poesia do disco em nenhum momento parece ir além de um fino cercado conceitual. São canções embaladas por temas como empoderamento feminino, gratidão, relacionamentos amorosos e todo um conjunto de memórias que se conecta ao material apresentado no último ano. Um convite a provar das mesmas experiências, medos e conquistas da dupla norte-americana, proposta que vem sendo explorada desde o EP Sugar Symphony, de 2016.

A principal diferença em relação aos primeiros trabalhos está no claro desejo da dupla em provar de um som cada vez mais pop, acessível. Exemplo disso está Everywhere, música que lembra um encontro entre Beyoncé e a dupla franco-cubana Ibeyi. Em Galaxy, décima canção do álbum, vozes, batidas, sintetizadores e guitarras revelam ao público uma estrutura crescente, hipnótica. A mesma grandiosidade se reflete Warrior, composição produzida especialmente para a trilha sonora do filme Uma Dobra no Tempo (2018), porém, cuidadosamente encaixada dentro do presente disco.

Produto das experiências e transformações recentes que embalam o cotidiano da dupla, The Kids Are Alright ainda se abre para a chegada de novos representantes do R&B/Hip-Hop norte-americano. São nomes como GoldLink (Hi Lo), Kari Faux (Fake) e Joey Bada$$ (Happy Without Me), responsáveis por sutilmente ampliar parte do universo conceitual que vem sendo desbravado por Chloe X Halle. O resultado está na construção de uma obra que ganha forma aos poucos, porém, parece capaz de seduzir o ouvinte logo nos primeiros minutos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.