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Críticas

Exitmusic

: "The Recognitions"

Ano: 2018

Selo: Felt

Gênero: Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Beach House e Mazzy Star

Ouça: Iowa e Trumpets Fade

7.6
7.6

Resenha: “The Recognitions”, Exitmusic

Ano: 2018

Selo: Felt

Gênero: Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Beach House e Mazzy Star

Ouça: Iowa e Trumpets Fade

/ Por: Cleber Facchi 26/04/2018

Aleksa Palladino e Devon Church, passaram os últimos 15 anos se revezando na produção de um limitado, porém, precioso conjunto de obras. Sob o título de Exitmusic, o duo nova-iorquino fez nascer registros como The Decline Of The West (2007) e Passage (2012), sempre brincando com o uso de ambientações etéreas e vozes arrastadas, íntimas do dream pop, vide a forte similaridade com o trabalho de veteranos como Mazzy Star e Galaxie 500.

Mesmo livre de qualquer pressão, revelando cada novo álbum em uma medida própria de tempo, Palladino — bem-sucedida atriz em séries de TV e filmes hollywoodianos —, e Church decidiram dar fim ao projeto. Entretanto, antes de se despedir do público, a dupla entrou mais uma vez em estúdio para dar vida ao derradeiro The Recognitions (2018, Felte), um delicado acervo com nove faixas que se entrega à completa melancolia dos arranjos e versos.

Produzido durante o período de forte instabilidade para a dupla — casados desde 2004, Palladino e Church se divorciaram há poucos meses —, The Recognitions reflete com naturalidade a dor da separação, porém, em nenhum momento ecoa de maneira instável, tumultuada pela relação dos dois. Pelo contrário, poucas vezes antes um trabalho produzido pelo Exitmusic pareceu tão coeso e seguro quanto o presente álbum. Da primeira à última nota, uma obra de acertos.

Prova disso está na sequência de músicas que abre o disco. De um lado, o som épico, crescente de Crawl, composição que não apenas autoriza o vocal de Palladino a crescer de forma desmedida, como invade o mesma poesia honesta de PJ Harvey nos primeiros trabalhos de estúdio. Na canção seguinte, Iowa, um lento desvendar dos arranjos e versos, lembrando parte da estrutura montada em Passage e, ao mesmo tempo, um flerte evidente com a obra do Beach House.

Ao avançar pelo disco, um mundo de novas possibilidades instrumentais e sentimentos revelados ao público. São atos minuciosos, como em Gold Coast; a força das guitarras e diálogos com a música eletrônica, em Criminal, além de faixas que refletem algumas das principais influências da banda, caso de Trumpets Fade, música que soa como um encontro entre o Radiohead da fase OK Computer (1997) com a melancolia doce do Mazzy Star e outros representantes do gênero.

Doloroso e libertador na mesma proporção, vai do inferno ao céu em poucos minutos, como se Palladino e Church, mesmo cantando sobre a própria separação, preservassem tudo aquilo que foi construído desde a estreia com The Decline Of The West. “Nós crescemos essencialmente juntos, porém, ficou muito claro que precisávamos fazer isso sozinhos agora“, pontua a cantora no texto de apresentação da obra, resumindo os próprios sentimentos e parte do conceito que rege o disco.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.