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Críticas

Sleep

: "The Sciences"

Ano: 2018

Selo: Third Man

Gênero: Doom Metal, Stoner Metal

Para quem gosta de: Om, Electric Wizard e YOB

Ouça: Marijuanaut's Theme e Sonic Titan

8.0
8.0

Resenha: “The Sciences”, Sleep

Ano: 2018

Selo: Third Man

Gênero: Doom Metal, Stoner Metal

Para quem gosta de: Om, Electric Wizard e YOB

Ouça: Marijuanaut's Theme e Sonic Titan

/ Por: Cleber Facchi 27/04/2018

Mesmo com o retorno das atividades, em 2009, e boatos de que um novo álbum de inéditas estaria sendo gravado, a incerteza ainda tomava conta dos rumos e som produzido pelo grupo norte-americano Sleep. Todavia, para a surpresa do público, 19 anos após o lançamento do último trabalho de inéditas, o conturbado Dopesmoker (1999), Al Cisneros (baixo e voz), Matt Pike (guitarra) e Jason Roeder (bateria) estão de volta com um novo registro autoral: The Sciences (2018, Third Man).

Longe de qualquer surpresa, o álbum que conta com produção assinada pelos próprios integrantes segue exatamente de onde o Sleep parou há quase duas décadas. Seis composições extensas que se espalham em um intervalo de quase 60 minutos de duração, sempre preservando a ambientação lisérgica, blocos de guitarras e versos chapados que vem sendo explorados pelo grupo californiano desde o segundo trabalho de estúdio, Sleep’s Holy Mountain (1992).

Orientado pelas ambientações ruidosas que lentamente invadem a homônima faixa de abertura disco, The Sciences, como tudo aquilo que a banda vem produzindo desde Volume One (1991), ganha forma aos poucos. São camadas de distorção que se dividem entre temas ora inebriantes e etéreos, ora firmes e invasivas, sempre guiadas pelo encontro entre a bateria de Roeder, integrante da banda desde 2010, e as guitarras de Pike, ativo durante toda a execução do álbum.

Em Antarcticans Thawed, quarta faixa do disco, perceba como cada elemento ganha forma aos poucos, conduzindo o ouvinte em direção a um ato hipnótico, épico, conceito que se repete até o ultimo segundo da canção. Na derradeira The Botanist, com pouco mais de seis minutos, uma construção direta, mas não menos provocativa. Um espaço aberto ao constante reinvento de Pike, lembrando uma versão em câmera lenta do som produzido pelo Metallica na segunda metade de …And Justice for All (1988).

Nada que se compare ao trabalho da banda em Marijuanaut’s Theme. Crescente, a faixa não apenas se esquiva do conceito climático que rege grande parte do disco, como ainda reflete a força do trio californiano dentro de estúdio. Um verdadeiro labirinto sonoro que vai da letra, pontuada por elementos cósmicos, e segue em meio a camadas de fina distorção, servindo de ponte para a canção seguinte do disco, a extensa Sonic Titan, com mais de 12 minutos de duração.

Madura continuação do som testado pelo Sleep durante o lançamento de Dopesmoker, The Sciences não apenas resgata uma série de elementos originalmente apresentados há duas ou mais décadas, como transporta o ouvinte para dentro de um território parcialmente marcado pela novidade. Um lento jogo de ideias, texturas, vozes e camadas instrumentais, como um curioso exercício entregue ao desvendar do próprio público.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.