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Críticas

Zaki Ibrahim

: "The Secret Life of Planets"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Erykah Badu e Kehlani

Ouça: Profantasies e Galileo

8.0
8.0

Resenha: “The Secret Life of Planets”, Zaki Ibrahim

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Erykah Badu e Kehlani

Ouça: Profantasies e Galileo

/ Por: Cleber Facchi 19/02/2018

Zaki Ibrahim parece pouco interessada em seguir a trilha de outras representantes do soul/R&B atual. Fortemente influenciada pela cultura sul-africana – Zane Ibrahim, pai da artista, foi um dos grandes pioneiros das rádios comunitárias na Cidade do Cabo –, a cantora e compositora original de Colúmbia Britânica, no Canadá, passou grande parte da infância e adolescência imersa em obras que contribuíram fortemente para o amadurecimento da música negra, preferência que se reflete no segundo e mais recente álbum de inéditas da canadense, The Secret Life of Planets (2018, Independente).

Claramente influenciada pela obra de Stevie Wonder – relação evidente na imagem de capa e título do disco, projeto que incorpora elementos dos álbuns Stevie Wonder’s Journey Through “The Secret Life of Plants” (1979) e Hotter Than July (1980) –, Ibrahim vai de encontro ao passado, porém, preservando a própria identidade musical. São mais de quatro décadas de referências que se curvam de forma a favorecer o trabalho da cantora, tão madura quanto no último registro de inéditas, Every Opposite (2012).

Produto da necessidade de Ibrahim em transformar os próprios sentimentos no principal componente criativo do trabalho, The Secret Life of Planets sintetiza de forma criativa parte do universo particular da cantora em cada uma das 13 composições que abastecem o álbum. São faixas que refletem a completa melancolia e sensibilidade da artista, como uma carta de despedida ao pai, morto em meados de 2014, ao mesmo tempo em que celebra a chegada do primeiro filho, nascido quatro meses depois.

Não por acaso, parte expressiva do trabalho reflete aspectos do cotidiano de Ibrahim. Composições como Profantasies e Love Made Naked em que a cantora e compositora canadense se revela por completo para o ouvinte. São pouco mais de 50 minutos em que a artista detalha uma coleção de versos sensíveis, dolorosos e, ao mesmo tempo, sorridentes e libertadores. Ideias que não apenas pintam um curioso retrato da vida sentimental da artista, como parecem dialogar de forma natural com o cotidiano de qualquer ouvinte.

A principal diferença em relação a outros registros recentes está no cuidado de Ibrahim em preservar a mesma base instrumental durante toda a execução da obra. Sintetizadores e temas atmosféricos que passeiam por diferentes décadas de música eletrônica, porém, a todo instante regressam ao mesmo universo criativo testado pela cantora durante o lançamento de Every Opposite. Canções que lembram a trilha sonora de Vangelis para o seriado Cosmos, porém, regressam ao mesmo pop descompromissado de nomes como Kehlani, SZA e, principalmente, Erykah Badu, uma das principais influencias da canadense.

Complexo quando exige ser, vide Sugar B e GalileoThe Secret Life of Planets parece brincar com a interpretação do ouvinte durante toda sua execução. Difícil não se deixar conduzir pelo trabalho de Ibrahim, como se cada composição detalhada no interior do disco fosse um objeto precioso, reflexo da completa entrega da artista durante toda a execução da obra. Do momento em que tem início, em Get There, até alcançar as duas partes da derradeira Binary, uma obra que traduz a essência da cantora.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.