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Críticas

Chloe x Halle

: "The Two of Us"

Ano: 2017

Selo: independente

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: Beyoncé e Solange

Ouça: Used To Love e Simple

8.4
8.4

Resenha: “The Two of Us”, Chloe x Halle

Ano: 2017

Selo: independente

Gênero: R&B, Soul

Para quem gosta de: Beyoncé e Solange

Ouça: Used To Love e Simple

/ Por: Cleber Facchi 10/04/2017

Como grande parte dos artistas atuais, as irmãs Chloe e Halle Bailey despertaram a atenção do público a partir de um vídeo publicado no Youtube. A diferença em relação ao trabalho de outros iniciantes? O sucesso da versão para Pretty Hurts de Beyoncé, música que não apenas alcançou uma grande parcela do público – são mais de 13 milhões de visualizações –, como ainda serviu para aproximar as garotas de Atlanta, Geórgia, do selo Parkwood Entertainment, projeto comandado por Knowles e casa do primeiro trabalho de estúdio da dupla, o ótimo Sugar Symphony EP (2016).

O mesmo cuidado evidente no registro lançado há pouco menos volta a se repetir em The Two of Us (2017, Independente), mais recente mixtape de inéditas da dupla. São pouco mais de 20 minutos em que o duo norte-americano se concentra na construção de músicas marcadas pela leveza dos arranjos e vozes. Uma extensão madura (e pop) do mesmo material apresentado ao público durante o lançamento de A Seat at The Table (2016), mais recente álbum da cantora/produtora Solange.

Criativa coleção de ideias, o trabalho revela logo nos primeiros minutos o que há de mais interessante na obra de Chloe x Halle. Um jogo de vozes e batidas minimalistas, natural estímulo para a produção de músicas como Used To Love, faixa que poderia facilmente ter sido encontrada no último álbum de Beyoncé, Lemonade (2016). Uma coleção de ideias que passa pelo soul dos anos 1970 e segue de forma doce e autoral em músicas como a pop Too Much Sauce, Poppy Flower e a densa Partna.

Obra de acertos, The Two of Us  faz de cada fragmento ao longo do disco um objeto de destaque. Das 17 faixas que preenchem o trabalho, pelo menos seis delas são vinhetas ou complementos ao núcleo central do registro. Recortes e captações caseiras que reforçam o aspecto acolhedor do álbum. Um delicado acervo de faixas marcadas pelo aspecto intimista das letras, proposta que cresce da inaugural Used To Love e segue até a derradeira Lulla-Bye, composição que amplia de forma significativa o conceito “artesanal” do trabalho.

Livre do parcial hermetismo incorporado em Sugar Symphony, The Two of Us surge como uma obra acessível até o último segundo. Difícil não ser atraído pela sequência de músicas comerciais que cresce em Tra Ta Ta, invade Up All Night e segue até o fechamento do disco. Um ambiente conceitualmente restrito, porém, imenso na forma como cada retalho instrumental do álbum assume uma nítida posição de destaque, arrastando o ouvinte para dentro do ambiente romântico/melancólico da obra.

Ponto de partida para o primeiro álbum de estúdio da dupla, The Two of Us mostra a capacidade das irmãs Bailey em produzir um som que mesmo acessível, pop, em nenhum momento soa gratuito ou descartável. Um delicado “spin-off” de tudo aquilo que Beyoncé, Solange e outros nomes de peso do R&B/Soul vêm produzindo nos últimos anos. Mais do que uma reciclagem de conceitos, a passagem para um universo que parece próprio da dupla.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.