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Críticas

Mac DeMarco

: "This Old Dog"

Ano: 2017

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate, Ariel Pink

Ouça: This Old Dog, Still Beating

8.0
8.0

Resenha: “This Old Dog”, Mac DeMarco

Ano: 2017

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate, Ariel Pink

Ouça: This Old Dog, Still Beating

/ Por: Cleber Facchi 09/05/2017

Seja pelo completo domínio do palco, fina dose de insanidade a cada nova apresentação ao vivo, ou mesmo entrevistas marcadas pelo bom humor, Mac DeMarco acabou se transformando em um dos personagens mais queridos e significativos da presente safra do rock norte-americano. Oficialmente apresentado ao público durante o lançamento do álbum 2, em 2012, o cantor e compositor canadense passou os últimos anos se revezando em uma série de composições inéditas, postura reforçada durante a produção do elogiado Salad Days (2014).

Em This Old Dog (2017, Captured Tracks), terceiro e mais recente álbum de estúdio, DeMarco segue exatamente de onde parou durante o lançamento do último registro de inéditas, o mini-disco Another One (2015). Responsável pela composição, produção e gravação de cada um dos instrumentos, o músico canadense faz do registro de 13 faixas uma obra naturalmente particular, por vezes intimista, efeito da ambientação contida e versos confessionais que se espalham ao longo do trabalho.

Olhe no espelho / Quem você vê? / Alguém familiar / Mas certamente não eu“, canta logo nos primeiros minutos do trabalho, em My Old Man. Faixa de abertura do disco, a canção de arranjos contidos entrega ao público uma cuidadosa reflexão sobre a necessidade de amadurecer e encarar a vida adulta. Versos existencialistas que estabelecem pequenas brechas para a vida pessoal e infância do compositor canadense. Uma história marcada por abusos e agressões causadas pelo pai alcoólatra.

O mesmo cuidado na composição dos versos acaba se refletindo nos instantes de maior romantismo do disco. “Muitas vezes, um coração tende a mudar de ideia / Um novo dia decide sobre um novo formato / Um novo dia é definido de outra maneira / Enquanto eu viver, isso é tudo que eu tenho a dizer“, canta com sobriedade na faixa-título do disco, uma madura reflexão sobre a vida amorosa, conceito aprimorado pelo músico canadense durante o lançamento do último registro de inéditas, Another One.

Querida, eu chorei demais / Você é melhor acreditar / Meu coração ainda bate por você / Mesmo que você não o sinta batendo“, confessa de forma dolorosamente romântica em Still Beating, quinta faixa do disco. Uma poesia intimista que se completa em One More Love Song (“Mais um amor para quebrar o seu coração / Configurá-lo apenas para vê-lo desmoronar“) e Dreams from Yesterday (“Então por que então, você está chorando? / Foi você quem os negou / E nenhuma quantidade de lágrimas / Poderia reverter todos os anos / Traga de volta todos os seus sonhos de ontem“).

Em se tratando dos arranjos, This Old Dog segue minimalista, por vezes econômico em excesso. Das guitarras apresentadas em 2 e Salad Days, pouco parece ter sobrevivido, fazendo com que o presente álbum cresça em uma atmosfera de sintetizadores abafados, como um complemento à voz do cantor. Instantes em que DeMarco investe na completa leveza dos temas, detalhando uma obra contrastada, efeito da poesia dolorosa e honesta que se espalha ao fundo do trabalho.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.