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Críticas

Supervão

: "TMJNT"

Ano: 2017

Selo: Honey Bomb Records / Lezma Records

Gênero: Rock Alternativo, Eletrônica

Para quem gosta de: Terno Rei e Séculos Apaixonados

Ouça: Tempo Barravento e Crise Civil

7.5
7.5

Resenha: “TMJNT”, Supervão

Ano: 2017

Selo: Honey Bomb Records / Lezma Records

Gênero: Rock Alternativo, Eletrônica

Para quem gosta de: Terno Rei e Séculos Apaixonados

Ouça: Tempo Barravento e Crise Civil

/ Por: Cleber Facchi 18/08/2017

Em um intervalo de apenas 20 minutos, Lua Degradê (2016) parecia transportar o ouvinte para novos cenários musicais, brincando com o uso de melodias tortas, ruídos vindos de diferentes épocas, colagens e gêneros sutilmente desconstruídos. Um declarado experimento por parte do grupo gaúcho Supervão, proposta evidente logo na inaugural Vitória Pós-Humana, mas que cresce com naturalidade até o último acorde da derradeira Degradê.

Interessante perceber nas canções de TMJNT (2017, Honey Bomb Records / Lezma Records), segundo e mais recente EP do grupo comandado por Mario Arruda, Leonardo Serafini e Ricardo Giacomoni, um parcial distanciamento desse mesmo universo criativo. O mesmo número de faixas, a mesma duração, porém, a passagem para um cenário dominado pelo minimalismo dos arranjos e fórmulas eletrônicas, base de grande parte do trabalho.

Com Reunião como faixa de abertura do álbum, a banda gaúcha estabelece grande parte das “regras” que orientam o trabalho. Programações eletrônicas, guitarras etéreas, sintetizadores sujos e vozes carregadas de efeito. Pouco menos de seis minutos em que arranjos e versos se completam lentamente, resultando em uma versão esquelética, porém, ainda interessante do mesmo catálogo de experiências que abasteceram o trabalho do grupo em Lua Degradê.

Segunda composição do disco, Tempo Barravento parece investir na mesma atmosfera sutil da faixa que a antecede. Um som propositadamente contido, doce, passagem para a inclusão de guitarras psicodélicas, sempre cíclicas, por vezes íntimas da obra de artistas como Mac DeMarco, TOPS e outros nomes de destaque da cena alternativa do Canadá. Melodias cuidadosamente encaixadas, completas pela inserção de entalhes eletrônicos.

Na curtinha Agradeça Ao Povo Brasileiro, terceira faixa do disco, um misto de remix e homenagem ao trabalho de Caetano Veloso. Pouco mais de um minuto em que o grupo brinca com a fragmentação do clássico You Don’t Know Me, parte do álbum Transa, de 1972. Um indicativo do experimentalismo que orienta o trabalho do trio gaúcho, completo na composição atmosférica de VMDL, música de essência contida, como um ensaio para uma obra talvez maior.

Para a derradeira Crise Civil, um propositado regresso ao mesmo tom anárquico e versatilidade que marca as canções apresentadas em Lua Degradê. Guitarras carregadas de efeito, vozes distorcidas, ruídos e batidas eletrônicas que não apenas ampliam o universo desbravado pelo trio em TMJNT, como acabam criando uma ponte conceitual para o ambiente de emanações sujas, recortes e experimentos testados desde a estreia da banda dentro de estúdio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.