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Críticas

Special Explosion

: "To Infinity"

Ano: 2018

Selo: Topshelf Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Death Cab For Cutie e Pinegrove

Ouça: Perfect Song, Fire e Gladiator

7.8
7.8

Resenha: “To Infinity”, Special Explosion

Ano: 2018

Selo: Topshelf Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Death Cab For Cutie e Pinegrove

Ouça: Perfect Song, Fire e Gladiator

/ Por: Cleber Facchi 10/01/2018

Não é necessário ter algum tipo de contato prévio para que as canções produzidas pelo Special Explosion sejam capazes de acertar o ouvinte logo em uma primeira audição. Segura representação do material que vem sendo produzido pela banda de Seattle nos últimos anos, To Infinity (2018, Topshelf Records) estabelece uma criativa ponte referencial para o mesmo universo de coletivos independentes que conquistaram seu espaço no início dos anos 2000. Projetos como Death Cab For Cutie, The Shins e demais representantes que movimentaram de forma expressiva a cena musical em diferentes núcleos na Costa Oeste dos Estados Unidos.

Produzido pelos próprios integrantes da banda em parceria com o experiente Mike Vernon Davis, engenheiro de som que já trabalhou com nomes como Modest Mouse, o delicado registro de dez faixas encontra na lenta sobreposição dos arranjos e versos o principal componente para o fortalecimento da obra. Um melancólico sussurrar de experiências e sentimentos marcados pela intimidade do eu lírico, conceito que diáloga de forma expressiva com os principais tormentos e medos de qualquer ouvinte, principalmente aqueles relacionados à vida amorosa.

De essência econômica, porém, grandioso quando exige ser, To Infinity brinca com os instantes de forma sempre minuciosa, envolvente. Vozes masculinas e femininas que se completam a todo instante, ocupando as lacunas deixadas no interior de faixas como Perfect Song, Your Bed e toda a porção sensível da obra. Um cuidado que muito se assemelha ao trabalho de Ben Gibbard e Chris Walla em obras como We Have the Facts and We’re Voting Yes (2000) e The Photo Album (2001), trabalhos essenciais para a construção da identidade musical do DCFC.

Não por acaso, os integrantes do Special Explosion — Andy e Lizzy Costello, Josh Davis, Sebastien Deramat e Jacob Whinihan —, decidiram gravar parte expressiva da obra no Hall of Justice, estúdio localizado em Seattle e comandado pelo próprio Walla — hoje ex-integrante do DCFC. O resultado está na construção de um trabalho imerso em melodias acústicas, lembrando a boa fase de Sufjan Stevens nos iniciais Greetings from Michigan: The Great Lakes State (2003) e Seven Swans (2004), porém, valorizando as guitarras sempre que necessário, vide a fina inserção do instrumento em Gladiator, sexta faixa do disco.

Montado em uma estrutura crescente, To Infinity, como o próprio título indica, encontra nas canções finais seu ato de maior grandeza. Salve exceções, como Perfect Song, todo o bloco inicial do disco se ergue de forma contida, como se a banda preparasse o terreno para o restante da obra. Um lento desenrolar de ideias e melodias que alcança melhor resultado no colorido instrumental de Fire, nona faixa do disco, e So Long, composição que parece replicar boa parte do som detalhado em Good News for People Who Love Bad News (2004), uma das grandes obras do Modest Mouse, confessa influência para o quinteto.

Naturalmente próximo de outros projetos recentes que buscam revisitar o rock produzido no início dos anos 2000, caso de Pinegrove, Nap Eyes e Modern Baseball, a estreia do Special Explosion encontra no passado uma simples fagulha criativa para o presente. Passagens breves pela obra de veteranos da cena alternativa, mas que em nenhum momento prejudicam a formação de uma identidade musical por parte do grupo de Seattle, fazendo de cada faixa no decorrer da obra um evidente reflexo da sensibilidade de seus realizadores.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.