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Críticas

Kevin Krauter

: "Toss Up"

Ano: 2017

Selo: Bayonet

Gênero: Dream Pop, Indie Pop

Para quem gosta de: Mac DeMarco e Real Estate

Ouça: Rollerskate e Keep Falling In Love

7.7
7.7

Resenha: “Toss Up”, Kevin Krauter

Ano: 2017

Selo: Bayonet

Gênero: Dream Pop, Indie Pop

Para quem gosta de: Mac DeMarco e Real Estate

Ouça: Rollerskate e Keep Falling In Love

/ Por: Cleber Facchi 05/07/2018

Existe algo de mágico no som produzido por Kevin Krauter. Mais conhecido pelo trabalho como integrante do Hoops — com quem lançou há poucos meses o ótimo Routines (2017) —, o cantor e compositor norte-americano faz do primeiro álbum em carreira solo uma colorida viagem musical. Frações poéticas e instrumentais que não apenas refletem o cuidado do artista na composição de cada elemento, mas, principalmente, a entrega sentimental do jovem músico.

A noite é doce quando estou ao seu lado / Adormecer enquanto o trem passa / Imaginando como diabos eu sobreviveria / Sem você me amando todos os dias da minha vida“, canta em Keep Falling In Love, música que poderia ser de Mac DeMarco, mas que acaba funcionando como um poderoso indicativo da poesia doce de Krauter ao longo da obra. Versos guiados em essência pela emoção e romantismo quase pueril do eu lírico.

Quarta faixa do disco, Suddenly é outra composição que encanta pela forma como Krauter compartilha os próprios sentimentos com o ouvinte. “Me diga quando doer / Porque eu não posso continuar descobrindo / Me diga quando você chorar / Porque eu não posso continuar me separando“, implora enquanto guitarras limpas e sintetizadores se espalham ao fundo da canção, sem pressa, como um precioso alicerce para a poesia agridoce que cresce ao longo da faixa.

O mesmo preciosismo na composição dos arranjos se reflete na nostálgica Rollerskate. Enquanto os versos refletem as angústias e pequenas inquietações do eu lírico, musicalmente, a canção se espalha e cresce, revelando ao público um dos momentos de maior beleza da obra. São guitarras delicadamente sobrepostas, cuidado que muito se assemelha ao som produzido por bandas como Real Estate, além, claro, de veteranos como R.E.M. e demais representantes do jangle pop.

Embora grandioso na força dos sentimentos e temas desbravados por Krauter, curioso pensar que grande parte do disco foi concebido a partir da colaboração entre o músico e o co-produtor Ben Lumsdaine. Enquanto Krauter assume a composição dos arranjos, mergulhando na criação de faixas harmônicas, Lumsdaine se concentra na produção das batidas e linha de baixo destacada, garantindo ritmo e suporte ao trabalho durante toda sua execução.

Enérgico (Who Do You Know, Rollerskate) e contemplativo (Keep Falling In Love, Barely On My Mind) na mesma proporção, Toss Up mostra o claro esforço de Krauter em se reinventar dentro de estúdio. Longe do dream pop garageiro testado pelos parceiros de banda durante a produção do último álbum de inéditas, cada canção do presente disco parece transportar o som produzido pelo músico norte-americano para um novo território, resultando em um exercício de fino amadurecimento.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.