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Críticas

Jhené Aiko

: "Trip"

Ano: 2017

Selo: ARTium / Def Jam

Gênero: R&B, Pop Psicodélico

Para quem gosta de: Tinashe, SZA e Kehlani

Ouça: When We Love e Sativa

7.5
7.5

Resenha: “Trip”, Jhené Aiko

Ano: 2017

Selo: ARTium / Def Jam

Gênero: R&B, Pop Psicodélico

Para quem gosta de: Tinashe, SZA e Kehlani

Ouça: When We Love e Sativa

/ Por: Cleber Facchi 04/10/2017

Jhené Aiko parece seguir uma trilha particular quando próxima de outros nomes recentes do R&B norte-americano. Basta voltar os ouvidos para Souled Out (2014), primeiro grande álbum da artista original de Los Angeles, Califórnia, e perceber como elementos do Soul/Hip-Hop se espalham em meio a emanações lisérgicas, como um diálogo breve da cantora com a música psicodélica, proposta que cresce com naturalidade no recém-lançado Trip (2017, ARTium / Def Jam).

Desenvolvido como uma obra conceitual, o registro de 22 faixas sutilmente cresce em um intervalo de 85 minutos de duração, como uma viagem de ácido cronometrada, proposta detalhada logo na imagem de capa do álbum. Um verdadeiro delírio transformado em música, como se Aiko encontrasse no ambiente enevoado do disco um estímulo natural para a composição dos versos, sempre sensíveis, centrados em conflitos, romances e temas pessoais.

Completo pela execução do curta-metragem autobiográfico que Aiko produziu, co-dirigiu e dedica ao irmão, morto em decorrência de um câncer em 2012, Trip utiliza de trechos da película como um complemento direto para a formação das canções. Versos que mergulham de cabeça no universo romântico da cantora, utilizando de diálogos esporádicos como uma fina tapeçaria temática. Fragmentos que se conectam e conduzem o ouvinte pelo interior do trabalho.

O resultado está na produção de um registro marcado pela forte carga sentimental e profunda honestidade dos versos. Composições que exploram temas existenciais, caso de While We’re Young, discutem relacionamentos de forma reflexiva, como em New Balance, e, principalmente, se entregam ao amor. Uma coleção de versos dolorosamente românticos, estímulo para a produção de faixas como When We Love, Sativa, Moments e a extensa Psilocybin (Love In Full Effect).

Entre versos românticos, Aiko ainda abre espaço para a chegada de um time de colaboradores. São nomes como Big Sean, Swae Lee, Kurupt, Brandy e Mali Music, além de membros da família da cantora, caso da filha da artista, Namiko Love, e do próprio pai, creditado em duas faixas como Dr. Chill. Mesmo a produção do álbum conta com um grupo seleto de parceiros. Nomes escolhidos a dedo como Frank Dukes, Benny Blanco, Mike Zombie, No I.D. e o sempre requisitado Cashmere Cat.

Feito para ser ouvido sem pressa, em pequenas doses, Trip pode até pecar pela longa duração e número excessivo de faixas, entretanto, mantém o ouvinte atento até o último segundo. Trata-se de uma clara evolução do material apresentado em Souled Out, como se grande parte das sentimentos e experiências vividas por Aiko nos últimos três anos fossem cuidadosamente exploradas e transformadas em música, fazendo do registro um experimento confessional.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.