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Críticas

Frabin

: "Tropical Blasé"

Ano: 2018

Selo: Midsummer Madness

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Terno Rei e Monza

Ouça: Parati, Lilac e Pastime Illusion

7.8
7.8

Resenha: “Tropical Blasé”, Frabin

Ano: 2018

Selo: Midsummer Madness

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Terno Rei e Monza

Ouça: Parati, Lilac e Pastime Illusion

/ Por: Cleber Facchi 24/10/2018

Um movimento calculado dos sintetizadores e Victor Fabri delicadamente transporta o ouvinte para o interior de Tropical Blasé (2018, Midsummer Madness). Segundo e mais recente álbum de inéditas do cantor e compositor paraense radicado em Santa Catarina, o trabalho de apenas nove faixas parece brincar de forma criativa com o aspecto da temporalidade, costurando musicalmente passado e presente em uma linguagem própria, conceito que se reflete logo na inaugural Pastime Illusion.

Eu tento o meu melhor / Mas você continua / Me bagunçando por aí / Dentro da minha cabeça / você tomou seu lugar / E me amarrou“, canta de forma melancólica em meio a vozes abafadas, quase robóticas, indicativo da poesia triste e melodias empoeiradas que orientam a experiência do ouvinte durante toda a execução da obra. Um dream pop litorâneo e enevoado, conceito que se reflete com naturalidade na faixa seguinte do disco, One Million Times, música que parece pintar um cenário triste à beira mar. Sintetizadores e guitarras cuidadosamente espalhadas ao fundo da canção.

O mesmo som delirante ecoa com naturalidade em Lilac. Enquanto os versos confessam com naturalidade a melancolia do eu lírico — “Você vem tão vermelha / misture com meu azul / E tudo fica lilás / Mas você sempre vem / E vai” —, guitarras carregadas de efeitos vão até o início dos anos 1990, sussurrando distorções contidas e entalhes eletrônicos que tanto dialogam com a obra de veteranos como Slowdive, como “novatos” aos moldes de Youth Lagoon e A Sunny Day In Glasgow.

Em Parati, primeira composição do disco cantada em português, instantes de parcial recolhimento e fúria, componentes que garantem maior força aos versos destacados pelo músico — “Quanto mais eu me afasto mais eu me atraio para ti“. Um ato de profunda entrega romântica, dor e libertação, componentes poéticos também explorados na sorumbática construção de You (“Gostaria que você pudesse ver / Você através de mim“) e no rock agridoce de It Has Been This Way Since (“Você tem tudo / Mas algo está faltando“).

Amarga, Realilusão preserva o mesmo refinamento harmônico, porém, sustenta nos versos um breve afastamento do restante da obra. “E você pode emoldurar / O seu troféu por ter chego lá / E descansar em paz / Sem se preocupar / Com o que ficou pra trás“, canta em tom pessimista. Um fino toque de melancolia que se estende até a faixa seguinte, Hometown, faixa em que Fabri, único instrumentista e produtor da obra, convida o ouvinte a se perder em um universo de temas contemplativos — “Faz sentido pensar / ‘eu pertenço aqui?’“.

Faixa mais extensa do disco, So Easy garante o fechamento ideal ao trabalho. Enquanto guitarras e vozes submersas dão continuidade ao som que vem sendo explorado desde a inaugural Pastime Illusion, sobreposições eletrônicas e arranjos coloridos sutilmente transportam a obra de Frabin para um novo território, como um instante de breve libertação da atmosfera em branco e preto que vem sendo explorada pelo músico desde o primeiro registro autoral, Real (2015).

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.