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Críticas

Sunflower Bean

: "Twentytwo In Blue"

Ano: 2018

Selo: Mom + Pop / Lucky Number

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: DIIV, Wolf Alice e Bully

Ouça: I Was a Fool e Twentytwo

7.5
7.5

Resenha: “Twentytwo In Blue”, Sunflower Bean

Ano: 2018

Selo: Mom + Pop / Lucky Number

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: DIIV, Wolf Alice e Bully

Ouça: I Was a Fool e Twentytwo

/ Por: Cleber Facchi 28/03/2018

Quantos trabalhos diferentes você percebe dissolvidos entre as canções de Twentytwo In Blue (2018, Mom + Pop / Lucky Number)? Segundo álbum de inéditas do grupo nova-iorquino Sunflower Bean, o sucessor de Human Ceremony (2016) não apenas reforça parte do universo conceitual que vem sendo explorado desde o registro anterior, como delicadamente amplia a relação da banda com uma variedade de obras, cenas e tendências consolidadas há três ou mais décadas.

Em um curioso diálogo com o passado, Nick Kivlen (guitarra e voz), Jacob Faber (bateria) e Julia Cumming (baixo e voz) fazem de cada uma das 11 faixas do registro uma confessa homenagem ao trabalho de veteranos do rock alternativo. São variações do mesmo indie pop/dream pop melódico testado na coletânea C86, os primeiros anos do selo 4AD, além, claro, de passagens pelo pop-rock estadunidense produzido entre o final dos anos 1980 e início da década seguinte.

Difícil não lembrar de artistas como Cocteau Twins (Only a Moment), The Sundays (Twentytwo) e R.E.M. (I Was a Fool). Um curioso resgate de referências que tem início logo nos primeiros minutos de Twentytwo In Blue, em Burn It, e segue até a formação da derradeira Oh No, Bye Bye, música que parece resgatada de alguma estação de rádio no começo dos anos 1990. Ideias e fórmulas consolidadas, mas que em nenhum momento ocultam a identidade criativa do trio nova-iorquino.

Exemplo disso está na montagem contrastada entre as batidas e guitarras de Puppet Strings, sexta faixa do disco. São pouco mais de três minutos em que o trio parece brincar com o uso de temas melódicos, ruídos e vozes sobrepostas, distanciando o álbum da mesma base referencial testada nos primeiros minutos do trabalho. Uma lenta sobreposição de ideias e versos sóbrios que apontam para a década de 1960 sem necessariamente sufocar pela nostalgia.

A mesma versatilidade acaba se refletindo em Human For, oitava canção do disco. São vozes em coro, batidas enérgicas e guitarras complementares que vão do power pop ao rock psicodélico em um intervalo de poucos minutos. Surgem ainda composições como a serena Any Way You Like, uma balada romântica com pitadas de pós-punk, e a etérea Only A Moment, músicas que acabam servindo como um respiro criativo para o trabalho, antecipando atos de maior grandeza.

Maduro quando próximo do registro que o antecede, Twentytwo In Blue mostra o esforço do trio nova-iorquino em dialogar com uma parcela ainda maior do público, postura reforçada não apenas no envelopamento referencial que define as canções, mas, principalmente, no fresco pop dado ao disco. O resultado está na formação de um trabalho enxuto, coeso. Exatos 40 minutos em que o grupo se esforça em capturar a atenção e seduzir o público.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.