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Críticas

Speedy Ortiz

: "Twerp Verse"

Ano: 2018

Selo: Carpark Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Bully, Charly Bliss e Hop Along

Ouça: Lean In When I Suffer e Villian

7.5
7.5

Resenha: “Twerp Verse”, Speedy Ortiz

Ano: 2018

Selo: Carpark Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Bully, Charly Bliss e Hop Along

Ouça: Lean In When I Suffer e Villian

/ Por: Cleber Facchi 21/05/2018

A viagem musical de Sadie Dupuis pela década de 1990 parece longe de chegar ao fim. Terceiro e mais recente álbum de estúdio da banda original de Northampton, Massachusetts, Twerp Verse (2018, Carpark) não apenas preserva a essência dos iniciais Major Arcana (2013) e Foil Deer (2015), como amplia o diálogo do grupo norte-americano com o rock produzido há mais de duas décadas, conceito reforçado até o último acorde de You Hate the Title.

Inaugurado pelas guitarras e pequenas variações de Buck Me Off, o registro de 11 faixas resume logo nos primeiros minutos parte da estrutura incorporada ao longo da obra por Dupuis e os parceiros de banda, os músicos Mike Falcone, Darl Ferm e Andy Molholt. Instantes em que o quarteto se entrega ao uso de temas melódicos, porém, sempre preservando a estrutura raivosa que vem sendo explorada desde o primeiro álbum de estúdio.

Exemplo disso está na construção de Lean In When I Suffer. Enquanto Dupuis se revela por completo na composição dos versos – “Outro ataque de pânico / Como eu estava navegando pelas pilhas / E os livros estavam caindo em uma avalanche / Embora ele sentisse que eu estava presa / Ele estava ocupado com… Algo” –, musicalmente a canção brinca com os instantes, costurando atos de pura euforia e explosão, seguidos de frações contidas, delicadas.

O mais interessante em Twerp Verse talvez seja perceber a completa ausência de linearidade da banda. Faixa após faixa, Dupuis se concentra em ampliar o próprio repertório, testando diferentes possibilidades dentro de estúdio. O resultado está na composição de músicas como Villian, música que prova da mesma estranheza de grupos como The Breeders, ou mesmo Alone With Girls, faixa que costura diferentes atos instrumentais de forma deliciosamente torta.

Outro aspecto curioso do trabalho está no assumido interesse da de Dupuis em incorporar uma série de elementos da música pop, dialogando com o som produzido no projeto paralelo Sad13. Perfeita representação desse resultado está em Lucky 88, música em que o grupo norte-americano se esquiva do uso ruidoso das guitarras para investir em um som acessível, como uma versão descomplicada de tudo aquilo que Liz Phair produziu em Exile in Guyville (1993).

Referencial sem necessariamente parecer nostálgico, Twerp Verse aponta para o passado enquanto reflete a essência clara de uma obra atual. São pouco mais de 30 minutos em que somos convidados a provar do mesmo universo de emoções, medos e conflitos particulares de Dupuis. Canções marcadas pelo explícito desejo da artista em confessar os próprios sentimentos, sempre de forma aproximada, como se cantasse para o próprio ouvinte.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.