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Críticas

Far From Alaska

: "Unlikely"

Ano: 2017

Selo: Elemess

Gênero: Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: INKY e Black Drawing Chalks

Ouça: Cobra e Elephant

8.0
8.0

Resenha: “Unlikely”, Far From Alaska

Ano: 2017

Selo: Elemess

Gênero: Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: INKY e Black Drawing Chalks

Ouça: Cobra e Elephant

/ Por: Cleber Facchi 10/08/2017

Se existe uma coisa que os integrantes do Far From Alaska sabem melhor do que qualquer outro artista nacional é como se apropriar de uma série de referências estrangeiras e fazer disso o princípio para uma obra autoral. Basta voltar os ouvidos para o último registro de inéditas da banda, o excelente modeHuman (2014), e perceber como ecos de veteranos do rock alternativo se transformam no principal componente criativo para o quinteto vindo de Natal, Rio Grande do Norte

A mesma explosão referencial acaba se refletindo na composição do segundo e mais recente álbum de inéditas do grupo formado por Emmily Barreto (voz), Cris Botarelli (sintetizadores, voz), Rafael Brasil (guitarra), Edu Filgueira (baixo) e Lauro Kisch (bateria), o intenso Unlikely (2017, Elemess). Uma seleção precisa com 12 composições inéditas — quase todas batizadas com o nomes de animais —, em que a banda potiguar parece testar os próprios limites dentro de estúdio.

Colorido quando próximo do material apresentado há pouco mais de três anos, transformação evidente logo na cômica capa do disco, o sucessor de modeHuman carrega nas guitarras e vozes berradas uma série de elementos que dialogam com as mais variadas faixas de público. A busca declarada por um som ainda mais acessível, por vezes pop, postura reforçada no entalhe melódico de faixas como Pig e no flerte com a eletrônica em Bear, música que esbarra na boa fase do Queens Of The Stone Age.

Observado de forma atenta, o grande acerto de Unlikely está no esforço de cada integrante em atrair a atenção do público com a mesma intensidade explícita nas apresentações ao vivo do quinteto. Um bom exemplo disso está na faixa de abertura do trabalho, a urgente Cobra. Pouco menos de três minutos em que o grupo se concentra na produção de um rock eletrônico, ainda que detalhista e repleto de nuances instrumentais. Paredões de ruídos que acompanham a voz forte de Barreto durante toda a canção.

Da explosão de guitarras, batidos e inserções eletrônicas ruidosas vem o principal combustível para a formação dos versos. Trata-se de um álbum expositivo, pessoal, tratamento reforçado com naturalidade na letra de Elephant, quinta composição do disco e uma das principais músicas do trabalho. “É difícil sentir essa dor … Não se esqueça ou você vai se arrepender por dentro / É preciso escuridão para ver a luz“, canta Barreto em um misto de raiva, melancolia e libertação, resultando em uma clara evolução do material entregue em modeHuman.

Madura continuação do trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2012, quando o grupo norte-rio-grandense foi formado, Unlikely mostra o cuidado do quinteto na montagem de cada fragmento de voz, arranjo ou mínimo entalhe percussivo. Um evidente esforço dentro de estúdio, exercício completo pela colaboração com a experiente Sylvia Massy, produtora que já trabalhou ao lado de nomes como Deftones, Tool e System of a Down, e responsável por ocultar toda e qualquer brecha deixada pela banda no decorrer do trabalho.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.