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Ano: 2018

Selo: Terrible / XL

Gênero: Pop, R&B, Alternativa

Para quem gosta de: Blood Orange e St. Vincent

Ouça: When I'm with Him e Just The Same

7.5
7.5

Resenha: “Us”, Empress Of

Ano: 2018

Selo: Terrible / XL

Gênero: Pop, R&B, Alternativa

Para quem gosta de: Blood Orange e St. Vincent

Ouça: When I'm with Him e Just The Same

/ Por: Cleber Facchi 25/10/2018

Loreley Rodriguez sempre soube como trabalhar a própria identidade musical em uma linguagem pop e essencialmente acessível. Composições sempre guiadas pelo aspecto contemplativo dos versos, porém, sentimentalmente íntimas de qualquer ouvinte, efeito da profunda simplicidade como a artista norte-americana parecia transformar os próprios conflitos, desilusões amorosas, medos e inquietações em músicas pensadas para grudar logo em uma primeira audição.

Segundo álbum de estúdio da artista como Empress Of, Us (2018, Terrible / XL) preserva essa mesma essência melódica, porém, sutilmente transporta o som produzido pela artista de Los Angeles para um novo território. Parcialmente distante do experimentalismo incorporado ao primeiro registro de inéditas, o elogiado Me (2015), Rodriguez passa a investir na produção de músicas ainda mais radiofônicas, sustentando na leveza dos elementos e versos cada vez menos complexos a base para cada uma das dez composições que recheiam o disco.

De fato, quando voltamos os ouvidos para tudo aquilo que vem sendo produzido por Rodriguez nos últimos meses, Us se revela ao público como uma completa fuga criativa, vide composições isoladas como Woman Is a Word e Go To Hell, ou mesmo colaborações assinadas em parceria com nomes como DJDS (Why Don’t You Come On) e Blood Orange (Best to You). Esboços conceituais do direcionamento plástico, por vezes contido, que orienta a experiência do ouvinte até a derradeira Again.

Claro que esse propositado distanciamento do som testado em músicas como Standard, How Do You Do It e Water Water não compromete a estrutura do presente disco. Exemplo disso escoa com naturalidade em Timberlands, um pop eletrônico dominado pela inserção de pequenas quebras rítmicas e curvas criativas. O mesmo acontece em I’ve Got Love, música que parece dialogar com o material entregue em Me, porém, dentro de uma estrutura simplificada.

Em Us, a beleza do trabalho está justamente nas canções em que Loreley se afasta dos antigos registro, mergulhando na composição de faixas essencialmente radiofônicas. É o caso de Just The Same, a bilíngue Trust Me Baby e, principalmente, a confessional When I’m with Him. “Você me achou perdida / Me amou como uma chuva no deserto / Eu tentei lutar / Mas eu não sinto o mesmo“, confessa de forma dolorosa enquanto guitarras funkeadas e batidas pontuais convidam o ouvinte a dançar. Um jogo de pequenos contrastes rítmicos e pessoais que ecoam em outros momentos da obra, como All For Nothing e a inaugural Everything To Me, parceria com Devonté Hynes.

Passo seguro dentro da curta discografia de Empress Of, Us mostra a capacidade de Rodriguez em abraçar uma sonoridade cada vez mais pop e comercialmente íntima do grande público, porém, preservando a própria essência. Versos carregados de sentimentos que se abrem para a chegada de produtores como Pional, DJDS e Cole M.G.N. (Charlotte Gainsbourg, Ariel Pink), um time seleto de artistas convidados a ampliar o som que vem sendo produzido pela cantora desde o início da presente década.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.