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Ano: 2017

Selo: Wolf Tone / Caroline

Gênero: Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Wild Beasts e Cats Eyes

Ouça: Machine e Weighed Down

7.5
7.5

Resenha: “V”, The Horrors

Ano: 2017

Selo: Wolf Tone / Caroline

Gênero: Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Wild Beasts e Cats Eyes

Ouça: Machine e Weighed Down

/ Por: Cleber Facchi 27/09/2017

Você não precisa ir além da inaugural Hologram para perceber as nuances e toda a profunda transformação promovida pelo The Horrors no quinto álbum de estúdio, V (2017, Wolf Tone / Caroline). Em um intervalo de apenas seis minutos, guitarras carregadas de efeitos, sintetizadores e batidas eletrônicos encolhem e crescem a todo instante, conduzindo o ouvinte para dentro de um intenso turbilhão instrumental que explode na voz ecoada de Faris Badwan.

Trata-se de uma clara fuga do material apresentado há três anos durante o lançamento do quarto registro de inéditas da banda, o fraco Luminous (2014). Longe de possíveis redundâncias, o grupo — completo pela presença dos músicos Tom Cowan, Joshua Hayward, Joseph Spurgeon e Rhys Webb —, sutilmente intensifica o uso de temas eletrônicos, resgatando e ampliando o universo musical detalhado durante a produção do maduro Primary Colours (2009).

Perfeita representação desse material sobrevive na soturna Weighed Down, sexta composição do disco. Entre guitarras climáticas, por vezes psicodélicas, carregadas de efeitos, o quinteto britânico não apenas resgata a essência do material apresentado no segundo álbum de estúdio, como amplia os próprios domínios, lembrando em alguns aspectos o som produzido pelo Primal Scream no final dos anos 1990. Delírios instrumentais que se conectam aos versos da canção.

E a semelhança com o trabalho de outros artistas não para aí. Conceitualmente próxima da obra de veteranos como Depeche Mode e Nine Inch Nails, Machine, terceira música do disco, se espalha em um labirinto de sensações ruidosas, jogando com o uso de guitarras carregadas de efeitos e colagens sintéticas, por vezes próximas da música industrial. O bom e velho rock gótico que acompanha a banda desde o primeiro álbum de estúdio, porém, mergulhado em novas possibilidades.

Surgem ainda música como a inusitada Gathering, um pop rock semi-acústico que parece resgatado de algum clássico dos anos 1960. Nada que se compare ao synth-rock que chega logo em sequência com a experimental World Below, música que parece pensada para as apresentações ao vivo da banda. Um evidente aquecimento para a dobradinha formada por It’s a Good Life e Something To Remember Me By, essa última, possivelmente uma das canções mais pop já produzidas pela banda.

Por vezes próximo do mesmo material explorado pela banda durante a produção do terceiro álbum de inéditas, Skying (2011), V mostra o esforço do grupo britânico em se reinventar dentro de estúdio. Ao mesmo tempo em que o quinteto joga com uma série de elementos originalmente testados nos primeiros trabalhos, sobram possibilidades e temas inusitados a cada nova composição, com se os integrantes do The Horrors fossem capazes de sintetizar cinco ou mais décadas dentro de referências em uma mesma obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.