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Críticas

Danilo Moralles

: "Voodoo Prazer"

Ano: 2017

Selo: Joia Moderna

Gênero: Eletrônica, Electropop

Para quem gosta de: Serge Erege e Jaloo

Ouça: Papel Sulfite e Sujeito de Sorte

7.0
7.0

Resenha: “Voodoo Prazer”, Danilo Moralles

Ano: 2017

Selo: Joia Moderna

Gênero: Eletrônica, Electropop

Para quem gosta de: Serge Erege e Jaloo

Ouça: Papel Sulfite e Sujeito de Sorte

/ Por: Cleber Facchi 22/09/2017

Contrário ao título detalhado no primeiro álbum de estúdio, Voodoo Prazer (2017, Joia Moderna), Danilo Moralles parece investir em uma obra livre de possíveis excessos. Prova disso está na breve seleção de dez faixas que abastecem a estreia do cantor. Um trabalho que passeia por entre beats e sintetizadores sempre precisos, como um complemento direto à poesia descomplicada do artista, do primeiro ao último instante centrado em explorar conflitos pessoais, declarações de amor e delírios intimistas.

Com batidas assinadas por Marco A.S, o trabalho se divide entre a MPB e a eletrônica, preferência reforçada logo na inaugural O Canto. Versos semi-declamados que se espalham em meio a loops tratados com extrema delicadeza. Um breve aquecimento para o material que chega logo em sequência Cicatriz, música que soa como um possível remix da obra de Tatá Aeroplano, efeito reforçado pela forte similaridade entre o timbre dos dois artistas.

Em Papel Sulfite, terceira faixa do disco, a forte relação de Moralles com a cena paulistana ganha novo enquadramento. Trata-se de uma delicada interpretação do som produzido para o primeiro álbum do Metá Metá. Uma seleção de versos sussurrados de forma andrógina, como um convite a se jogar nas pistas. Momentos de profunda leveza que se conectam diretamente ao pop nostálgico de Pronta Entrega, composição que lembra a boa fase de veteranos como Pet Shop Boys.

A mesma eletrônica nostálgica se reflete na faixa-título do disco, uma viagem musical ao final dos anos 1980, lembrando um Kraftwerk lascivo. Nada que se compare ao trabalho de Moralles e A.S na obscura Blues, composição que prova de elementos do Trip-Hop, preservando a poesia particular do artista paulistano. Um labirinto de sensações que se espalha lentamente, resultando em uma das composições mais provocativas do disco.

Faixa que mais se distancia do restante da obra, Sujeito de Sorte reforça o diálogo do artista com a música popular brasileira. Pouco mais de quatro minutos em Moralles e o parceiro de produção adaptam a obra de Belchior de forma curiosa, autoral, com pé nas pistas e outro no rock empoeirado que marca a versão original da música. Batidas e vozes essencialmente pulsantes, como uma ponte para o electropop de Bixo, música que lembra um Depeche Mode abrasileirado.

Interessante perceber nas duas últimas composições do disco, Que Papo Eh Esse? e Sedento, uma parcial ruptura em relação ao material apresentado no restante da obra. Entre versos rápidos, carregados de efeitos, Moralles e A.S rompem com todo e qualquer minimalismo do disco, detalhando sintetizadores, batidas e vozes que parecem pensados para hipnotizar o ouvinte, ampliando a base instrumental que vem sendo construída pela dupla desde a faixa de abertura do registro.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.