Resenha: “Wahyoob”, Beto Mejía

/ Por: Cleber Facchi 15/11/2016

Artista: Beto Mejía
Gênero: Indie Pop, Alternativo, Indie
Acesse: http://www.betomejia.com.br/

 

Os últimos 18 anos de Beto Mejía foram dedicados quase que exclusivamente ao trabalho como um dos integrantes do grupo Móveis Coloniais de Acaju. Em parceria com um time de compositores e músicos, a produção de registros fundamentais, caso do elogiado Idem (2005), álbum de estreia do coletivo brasiliense, além, claro, de uma sequência de composições avulsas, clipes, faixas divididas com diferentes artistas e apresentações espalhadas pelos mais diversos cantos do país.

Com o recente encerramento das atividades da banda, a busca declarada por um som autoral, particular. Quatro anos após o pequeno ensaio que marca as canções apresentadas em Abraço EP, trabalho de sete faixas entregue ao público em meados de 2012, o cantor e compositor brasiliense finaliza o ensolarado Wahyoob (2016, Independente), primeiro grande álbum em carreira solo e um curioso exercício em provar de todas as possibilidades da música pop.

Inspirado de forma confessa no trabalho produzido pelo músico islandês Jónsi, também vocalista do Sigur Rós, Mejía e o parceiro de produção, o músico Kelton Gomes, fazem de cada faixa no interior do disco um ato de pura leveza e minúcia. São melodias radiantes, versos que parecem aconchegar o ouvinte e pequenos sussurros intimistas. Canções que nascem serenas, por vezes contidas, mas que acabam revelando diferentes tonalidades, arranjos e referências instrumentais.

Do material produzido com os antigos parceiros de banda, pouco parece ter sobrevivido. Salve as guitarras festivas e metais que inauguram o disco em Kaningawa, primeiro single do trabalho, Mejía segue um caminho próprio. Entre pianos melancólicos e sintetizadores coloridos, a voz do cantor lentamente se aprofunda na construção de versos existencialistas, crônicas musicadas, temas espirituais e familiares, caso de Amora, uma homenagem do artista à própria filha.

Livre da parcial timidez que marca o trabalho lançado há quatro anos, Wahyoob cresce como uma verdadeira coleção de hits. Difícil não ser arrastado pelos arranjos e versos que explodem em Fiz Um Feitiço, música que soa como um encontro entre Marcelo Jeneci e o grupo nova-iorquino Vampire Weekend. O mesmo conceito radiante se reflete ainda em canções do disco, caso da tropical Diminutivo, sexta faixa do registro, e Bubna, música que esbarra na obra do capixaba Silva.

Repleto de referências à cultura Maia – o próprio título do disco vem da “ligação com o bem estar e a vida animal” –, Wahyoob ainda se abre para a chegada de um time de colaboradores. Junto e Mejía, velhos parceiros da Móveis Coloniais de Acaju, como os músicos Esdras Nogueira e Fernando Jatobá, além de convidados como Gustavo Bertoni (Scalene) em Odoya, André Whoong na dançante Uhuuu e Victor Meira (Bratislava), parceiro na derradeira Minerador.

 

rp_wahyoob_lobo_f1_azul.jpg

Wahyoob (2016, Independente)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Silva, Móveis Coloniais de Acaju e Marcelo Jeneci
Ouça: Fiz Um Feitiço, Bubna e Minerador

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.