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Críticas

Superchunk

: "What a Time to Be Alive"

Ano: 2018

Selo: Merge

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Yo La Tengo e Sebadoh

Ouça: What a Time to Be Alive e Erasure

8.0
8.0

Resenha: “What a Time to Be Alive”, Superchunk

Ano: 2018

Selo: Merge

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Yo La Tengo e Sebadoh

Ouça: What a Time to Be Alive e Erasure

/ Por: Cleber Facchi 22/02/2018

Mesmo perto de completar três décadas de carreira, poucos grupos recentes parecem capazes de igualar a mesma energia criativa que marca os trabalhos da veterana Superchunk. Um esforço coletivo de cada integrante da banda — hoje composta por Mac McCaughan, Laura Ballance, Jim Wilbur e Jon Wurster – em se renovar constantemente. Guitarras sujas, batidas e vozes berradas que naturalmente alcançam bom desempenho no 11º álbum de inéditas do grupo, What a Time to Be Alive (2018, Merge).

Produzido sem pressa, em um intervalo de quase cinco anos, o registro de 11 faixas e pouco mais de 30 minutos de duração não apenas avança em relação ao último trabalho da banda, o excelente I Hate Music (2013), como muda de direção quando próximo ao primeiro álbum de McCaughan em carreira solo, o semi-psicodélico Non-Believers (2015). Uma avalanche de ruídos e vozes rápidas que silenciam apenas nos últimos segundos da derradeira Black Thread.

Como indicado logo na homônima faixa de abertura, What a Time to Be Alive é um trabalho que se distancia de toda e qualquer forma de excesso. Uma combinação enérgica e sempre despretensiosa de duas guitarras, baixo e bateria, instrumentos que, aliados ao uso de versos curtos e rápidos, empurram o ouvinte para a faixa seguinte. Instantes em que o quarteto original da Carolina do Norte vai do punk ao hardcore sem necessariamente perder a veia melódica dos últimos discos.

Exemplo disso está no ritmo frenético que toma conta de Break The Glass. São pouco mais de três minutos em que as guitarras furiosas de McCaughan e Wilbur seguem em uma estrutura ritmada e crescente, detalhando ondas consideráveis de distorção. Próximo ao fechamento do disco, as curtinhas Reagan Youth e Cloud of Hate mostram o esforço do quarteto em produzir um material essencialmente cru e rápido, porém, ainda minucioso na construção dos versos.

Com base nessa estrutura, What a Time to Be Alive talvez seja o trabalho que mais se aproxima dos primeiros e naturalmente anárquicos discos de banda. Não são poucos os instantes em que McCaughan cria pequenas brechas para obras como Foolish (1994) e Here’s Where the Strings Come In (1995). Um olhar curioso para o passado, mas que em nenhum momento parece prejudicar a identidade musical da presente obra, um dos grandes exemplares da banda em anos.

Marcado por temas como depressão, ansiedade e política, What a Time to Be Alive, mais do que um típico álbum do Superchunk, se abre para a chegada de um time seleto de colaboradores. São nomes como Sabrina Ellis (A Giant Dog, Sweet Spirit), Katie Crutchfield (Waxahatchee), Stephin Merritt (The Magnetic Fields), Skylar Gudasz e David Bazan (Pedro the Lion), parceiros ativos em músicas como intensa Erasure, perfeita representação do som explosivo que rege o disco.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.