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Críticas

The Killers

: "Wonderful Wonderful"

Ano: 2017

Selo: Island

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Franz Ferdinand e The Strokes

Ouça: Tyson Vs. Douglas e Run For Cover

7.0
7.0

Resenha: “Wonderful Wonderful”, The Killers

Ano: 2017

Selo: Island

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Franz Ferdinand e The Strokes

Ouça: Tyson Vs. Douglas e Run For Cover

/ Por: Cleber Facchi 25/09/2017

A nostálgica viagem musical de Brandon Flowers em direção ao passado parece longe de chegar ao fim. Prova disso está na seleção de faixas que abastecem o recém-lançado Wonderful Wonderful (2017, Island), primeiro registro de inéditas da banda de Las Vegas em um intervalo de cinco anos e uma clara continuação do universo de pequenas referências musicais que marcam o antecessor Battle Born (2012). Um confesso resgate de velhas experiências, proposta que sintetiza com naturalidade a essência do quarteto norte-americano.

Trabalho que mais se aproxima da boa fase da banda em Sam’s Town (2006), o registro de dez faixas e produção assinada por Jacknife Lee (R.E.M., Taylor Swift) parece jogar com os clichês de forma positiva. Da música disco em The Man, faixa que se apropria de elementos testados em Spirit of the Boogie, composição lançada em 1975 pelo grupo Kool & the Gang, ao rock de arena que explode em Life To Come, no melhor estilo U2, sobram diálogos com o passado de forma sempre enérgica, pulsante, como uma fuga do som arrastado que marca as canções do antecessor Battle Born.

De fato, não há nada aqui que o quarteto de Nevada não tenha experimentado em obras como Sam’s Town e Day & Age (2008), entretanto, difícil ignorar o ritmo dinâmico e força das canções. Perfeita representação desse resultado sobrevive na crescente Tyson Vs. Douglas, música inspirada em uma luta entre os boxeadores Mike Tyson e Buster Douglas no inícios dos anos 1990, mas que carrega nas guitarras de Dave Keuning e batidas rápidas de Ronnie Vannucci uma jovialidade rara, lembrando em alguns aspectos o som detalhado no inaugural Hot Fuss (2004).

A mesma energia se reflete em Run For Cover, quinta faixa do disco. Entre guitarras rápidas que apontam para o começo dos anos 2000, lembrando The Strokes, Flowers e os parceiros de banda sutilmente detalham uma canção que parece pronta para as pistas, abrindo passagem para toda a sequência de músicas que ocupam a segunda porção do álbum. São faixas como Out Of My Mind, claramente inspirada pelo trabalho de David Bowie em Let’s Dance (1983), ou mesmo The Calling, composição que falseia batidas eletrônicas de forma nostálgica, apontando para o início dos anos 1980.

Mesmo composições mais lentas, caso de Have All the Songs Been Written?, parecem refletir o esmero do grupo na construção dos arranjos. Nada que se compare ao fino exercício do quarteto na climática Some Kind of Love, sétima canção do trabalho. Trata-se de um encontro musical entre Flowers e o britânico Brian Eno. Uma faixa montada a partir de pequenas ambientações instrumentais, adaptando melodias etéreas originalmente testadas em An Ending (Ascent), parte do clássico Apollo: Atmospheres and Soundtracks (1983).

Repleto de boas composições — como Tyson Vs. Douglas, Some Kind of Love e The Man —, Wonderful Wonderful segue como o trabalho mais completo já produzido pelo The Killers nos últimos dez anos. Ao mesmo tempo em que o quarteto norte-americano preserva a própria identidade musical, difícil ignorar o esforço da banda em provar de novas sonoridades — como a referência à Redemption Song, de Bob Marley em Run For Cover —, e parceiros dentro de estúdio, fazendo do trabalho uma inesperada seleção de pequenos acertos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.