Triángulo de Amor Bizarro

/ Por: Cleber Facchi 11/01/2011

Triángulo de Amor Bizarro
Spanish/Shoegaze/Indie Rock
http://www.myspace.com/trianguloamorbizarro

É possível assistir a um duelo de serras-elétricas que não seja uma cena forçada de algum filme de terror? Talvez assistir não, mas é possível ouvir um duelo dessa intensidade. Afinal, não existe melhor definição para o som dos espanhóis do Triángulo de Amor Bizarro do que essa. Um choque sem precedentes se instala na discografia do grupo que não poupa esforços para ferir os tímpanos alheios.

Fundada em 2005 na cidade de A Coruña e responsável por dois discos ao longo da curta carreira, o grupo honra com excelência suas raízes.  Buscando inspiração diretamente nos princípios dos anos 90 através de bandas como My Bloody Valentine, Sonic Youth e Dinosaur Jr, além de beber vertiginosamente do The Jesus and Mary Chain e se valer de uma música com o mesmo nome do New Order para dar título ao grupo, os espanhóis sabem como sujar suas guitarras.

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O primeiro trabalho de estúdio sairia dois anos depois da criação da banda, que nesse meio tempo excursionou pelos principais eventos e festivais da Espanha além de atravessar a fronteira para se apresentar nos demais países europeus. Mesmo cantado inteiramente em espanhol, o som se reproduz de maneira universal. Logo de cara o álbum vai apresentando uma sucessão de camadas sujas e pesadas de distorção que aos poucos vão se massificando em prol de canções enérgicas tomadas pela energia visível nas guitarras dos anos 2000.

O homônimo álbum segue de maneira ágil em seus pouco mais de 30 minutos de execução, tempo mais do que suficiente para que o grupo vá destilando de maneira feroz sua sonoridade tomada pelas guitarras quase inaudíveis que se portam mais como máquinas do que como instrumentos musicais. As bases distorcidas transitam eficazes em cada canção, saindo de trás dos vocais para se apoderar da música como um todo e logo retornando ao lugar de saída, como se a instrumentação fluísse em ondas. O resultado de tal força caótica se traduz por meio de canções como ¿Quiénes Son Los Curanderos?, Cómo Iluminar Una Habitacion ou em El Himno De La Bala.

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Passados três anos do álbum de estreia a banda voltaria com um novo disco muito mais intenso e governado inteiramente pelo uso descontrolado de guitarras. Año Santo (2010) une a sonoridade distorcida do grupo com doses categóricas de música pop em suas composições. Dessa forma o álbum se volta de maneira a agradar um público além dos aficionados pelo shoegaze rock anteriormente desenvolvido pela banda. Ainda mais curto que o disco anterior (o álbum conta com 28 minutos de duração) a canções primam pela agilidade e por acordes elaborados em suas composições. São nove faixas em que a única coisa que falta é uma pausa para o ouvinte conseguir respirar.

Se existe uma coisa que o trio espanhol sabe fazer é agredir o ouvinte. O grupo começa com De la monarquía a la criptocracia e só termina com a faixa-título Año Santo. Ao termino você se sente cansado, como se tivesse apanhado por 30 minutos, mas estranhamente quer mais uma dose disso e parte para mais uma, duas, diversas execuções.

O Triángulo de Amor Bizarro sabe perfeitamente como se valer de todas suas influências e entregá-las aos ouvintes com tanta propriedade como se fossem eles os criadores de tal estilo. E a cada nova audição, até que fica a dúvida.

 

Triángulo de Amor Bizarro (2007)

 

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Los Planetas, A Place To Bury Strangers e The Pains Of Being Pure At Heart
Ouça: ¿Quiénes Son Los Curanderos?

 

 

Año Santo (2010)

 

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Los Planetas, A Place To Bury Strangers e The Pains Of Being Pure At Heart
Ouça: De la monarquía a la criptocracia

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.