Uma noite de fenômenos físicos, bidês e baldes

/ Por: Cleber Facchi 13/06/2011

Por: Cleber Facchi

 

Lá se vão quase dois anos desde a última passagem da gaúcha Bidê ou Balde em terras princesinas. Seria de se esperar que pouco mudasse na apresentação da noite de 11 de junho (sábado), afinal, no repertório do grupo apenas o acréscimo de cinco novas faixas, todas oriundas do mais recente EP Adeus Segunda-Feira Triste (2011). Entretanto, quem esperava se encontrar com a mesma banda de dois anos atrás acabou por se deparar com uma bela surpresa, uma quase celebração, onde o público dançava, pulava e cantava ao som e aos comandos do sexteto de músicos, fazendo de suas músicas uma espécie de ritual, sempre festivo e feito para ser ecoado à plenos pulmões.

Já era dia dos namorados quando a banda pisou no palco da Prime Pub. Logo na abertura da celebração, o grupo manda para cima do público Me Deixa Desafinar, faixa retirada do novo trabalho da Bidê e que parecia coerentemente ensaiada por seus seguidores. A felicidade estampada nos rostos tanto da banda quanto do público já deixavam claro que os rumos a serem tomados naquela noite seriam outros. Até boa parte do público tradicional da casa, interessados em outras “vertentes” da música pararam momentaneamente de desfilar pelo espaço, para se ater ao concentrado de composições pegajosas que estavam brotando em sua frente.

Embora o show convergisse composições dos três álbuns de estúdio do grupo, grande parte do repertório da noite ficou concentrado no clássico Outubro ou Nada (2002). Do excepcional disco – incontestável o melhor registro dos gaúchos – partiram faixas como Matelassê, Bromélias, Microondas, As Cores Bonitas e Aeroporto, que acabou ganhando uma versão remodelada, por conta de problemas técnicos que excluíram a bateria da faixa. As mínimas adversidades técnicas, entretanto passaram despercebidos pelo público, que até durante a execução de algumas canções novas (como Madonna e Tudo é Preza) cantou de forma entusiasmada, se deixando guiar pelas ordens da banda.

Ao contrário de determinados grupos em que a figura do vocalista se sobressai em relação aos demais integrantes, com a Bidê ou Balde é o coletivo de integrantes e suas peculiaridades que constroem o show. Embora o vocalista Carlinhos Carneiro – que qualquer dia desses vai enfartar em algum espetáculo, por não parar um minuto sequer – se mantenha soberano no orquestrar do evento, correndo de um canto a outro e pulando feito uma criança, a ativa participação dos demais membros é o que movimenta as apresentações, jogando o público de um canto a outro. Das guitarras de Rodrigo Pilla e Leandro Sá aos sintetizadores e vocais de Vivi Paçaibes, tudo faz parte da pequena catarse policromática da banda.

O frio que cobria grande parte da área externa da casa parecia simplesmente não existir nos arredores do palco, algo que o próprio Carneiro definiu como “um fenômeno físico”. Usando da temática do dia dos namorados a seu favor, a banda fez de faixas como Microondas, Bromélias e Mesmo que Mude o combustível que faltava para animar os casais presentes, deixando aos solteiros faixas como Mais um dia sem ninguém. No bis o sexteto voltou para entregar a declamada K-7, embarcando os presentes em uma sequência de neo-psicodelia, new wave e boas doses de rock, mostrando que há sempre surpresa em cada nova apresentação do grupo.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.